Você não deveria contratar qualquer seguro.
Você deveria
proteger apenas os riscos que não controla e cuja perda tem planejamento longo
e difícil.
A maioria dos
seguros que você contrata não faz sentido. É isso mesmo. Seguros são caros e
devem ser bem escolhidos. Só alguns são razoáveis. Assim, qual seguro faz
sentido contratar?
Uma das formas mais
simples de seguro e que quase todos contratam é o seguro saúde. Se pararmos
para analisar não parece valer a pena.
Entretanto, faz todo o sentido termos.
Não vou argumentar em cima da necessidade de uso de rede privada médica, pois a
pública é precária.
O grande problema é
o "e se". E se você sofre um acidente e precisa ficar internado? E se
ocorre um problema de saúde mais grave com tratamento caro?
E assim por diante.
São muitos "E se".
Por mais que você
seja disciplinado nos investimentos, dificilmente conseguiria ter recursos para
cobrir os "E se".
Portanto, algo que
parece caro quando pensamos no gasto médio sem contar com os "E se",
fica barato quando o pior ocorre.
O mesmo ocorre com
várias modalidades de seguro, mas nem todas fazem tanto sentido assim e,
incoerentemente, são mais usadas pelos brasileiros.
Por exemplo, seguro
de carro. Você sabe quanto custa seu carro. Adicionalmente, o valor coberto por
danos a terceiros também é conhecido na apólice.
Pior, você tem como controlar
os riscos, pois grande parte do risco está relacionado à forma que você dirige.
Se as perdas
máximas são conhecidas e controladas, e, ainda, considerando que você está
comprando o bem, ou seja, você tem capacidade financeira para adquirir, por que
fazer o seguro quando melhor e mais barato é se planejar?
Alguém pode
argumentar, e se roubarem o carro parado na rua? Basta não parar na rua. Os
riscos são controlados.
Na maioria das
vezes, o valor do seguro do carro é mais caro que você fazer um seguro de
acidentes pessoais e invalidez. Mas, muitos, incoerentemente preferem o
primeiro.
Por exemplo, o
seguro de um carro no valor de R$ 100 mil custa próximo de R$ 4,2 mil, ou seja,
R$ 350 por mês.
Um seguro no valor
de R$ 1 milhão de invalidez por acidente ou doença e por morte acidental, para
indivíduo de cerca de 42 anos, custa os mesmos R$ 350 mensais.
Perceba a
diferença. Para o caso do automóvel, é possível se planejar com um tempo
razoável. O outro recai no "E se".
O planejamento para acumular o
patrimônio de R$ 1 milhão para cobrir o caso de um acidente e invalidez pessoal
levaria muito tempo. Logo, você está sujeito ao "E se".
Você não precisa de
seguro para riscos que são facilmente planejados. Por exemplo, seguro para o
automóvel, celular e equipamentos eletrônicos.
Estes são bens cuja compra pode
ser planejada e a reposição, caso ocorra o pior, também.
Outros riscos não
recaem nesta categoria, por exemplo, sua saúde, sua vida e sua capacidade de
ter renda para viver.
Incoerentemente,
brasileiros preferem contratar seguros sobre bens que eles sabem exatamente o
risco de perda, que é controlada e que poderiam fácil e rapidamente se
planejar. Mas, desprezam seguros sobre riscos que deveriam realmente se
proteger, pois não entendem o risco que correm.
Portanto, para
aqueles riscos que se enquadram no "E se" e que demorariam anos para
o planejamento de uma poupança que os cubra, o seguro sai barato e faz todo o
sentido dentro de um planejamento financeiro.
O problema é que na maioria das
vezes não pensamos ou não consideramos o "E se".
O hábito de
investir também pode ser comparado à contratação de um seguro para se ter uma
boa aposentadoria.
Ou seja, "E se" você não tiver renda suficiente
quando idoso? Para cobrir este risco, você investe hoje. Muitos também
desprezam esta forma de seguro.
Michael Viriato
FOLHA DE SÃO PAULO