Em sua delação premiada homologada
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Joesley Batista, um dos donos
do grupo J&F, relatou à Procuradoria-Geral da República como comprava
facilidades junto ao os fundos de pensão estatais Petros, da Petrobras, e
Funcef, da Caixa Econômica Federal, durante os governos do Partido dos
Trabalhadores. Joesley afirmou aos procuradores que, para conseguir
investimentos em suas empresas, pagou propina de 1% aos presidentes dos dois
fundos e ao PT, que tinha influência nas decisões de abrir ou não os cofres de
ambos, entre os anos de 2008 e 2015.
O valor a ser pago em propina foi
acertado em 2008, quando o empresário montou um plano de expansão da JBS que
previa a venda, por 1 bilhão de dólares, de 12,99% das ações da empresa a
BNDES, Funcef e Petros.
Segundo o delator, o então presidente
do fundo de pensão da Caixa, Guilherme Lacerda, alertou-o na época que seria
necessário estreitar as relações com o PT. Foi quando, relata Joesley Batista,
ele conheceu os ex-tesoureiros petistas Paulo Ferreira, réu na Operação Lava
Jato, e João Vaccari Neto, condenado a mais de trinta anos de prisão pelo juiz
federal Sergio Moro.
Do encontro com Vaccari, preso em
Curitiba desde abril de 2015, ficou acertado que o tesoureiro recomendaria as
operações de interesse das empresas de Joesley aos dirigentes dos fundos de
pensão em troca de 1% de cada operação que o grupo J&F conseguisse junto a
Funcef e Petros.
Para
capitalizar a proposta de Joesley, os fundos de pensão e o banco de fomento
constituíram um fundo denominado Prot, cujo nome é uma referência a proteína,
matéria-prima que fez do empresário um bilionário. Pela concretização do
negócio, Lacerda e Wagner Pinheiro, então presidente do fundo da Petrobras,
também passaram a receber 1% de propina sobre cada aporte do fundo na JBS.
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