REDUÇÃO DA RENDA


Rotina na pandemia e queda de renda aquecem pedidos de negociação.

Escola, aluguel e plano de saúde são desafios para o bolso do consumidor.

As novas rotinas impostas pelo distanciamento e uma redução na renda sofrida por boa parte das famílias brasileiras têm impulsionado as negociações de despesas mensais.

No caso das escolas, especialistas recomendam que os pais ou responsáveis conversem individualmente com a instituição para pedir que os serviços que não estão sendo oferecidos durante a pandemia —como o uso de quadras, piscinas ou refeitórios— sejam abatidos da mensalidade.

"A lei prevê que as escolas disponibilizem uma planilha de custos", explica o advogado Igor Marchetti, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). 

Algumas escolas têm feito esforços para achar um meio-termo e a orientação é sempre negociar, mas o consumidor ainda é a parte mais vulnerável da relação", diz.

Uma pesquisa feita pela plataforma Melhor Escola aponta que o momento tem sido favorável ao consumidor. 

Por conta da pandemia, 76% das escolas estavam dispostas a negociar a mensalidade e nove em cada dez pais tentaram fazer isso no ano passado. 

Este ano, 56,6% das escolas não reajustaram as mensalidades.

Já para os financiamentos, o mutuário pode tentar a portabilidade (transferência do contrato para um outro banco) como alternativa para reduzir os juros. 

Vale simular a transferência para a nova instituição e apresentar a simulação no banco atual, para tentar conseguir uma contraproposta.

Em relação aos planos médicos, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) definiu um aumento de 8,14% para os contratos individuais ou familiares. 

Para quem precisa negociar, uma dica é também buscar a portabilidade. Marchetti lembra que o consumidor tem uma janela anual para trocar de operadora. "É possível fazer a portabilidade após um ano de contrato, por um período de três meses."

Outro vilão para quem ficou com o orçamento mais apertado desde a pandemia tem sido o aluguel. 

No caso do músico gaúcho David Lima, 36, o jeito foi mudar de apartamento, já que o proprietário do imóvel em que ele morou por seis anos queria impor a ele um reajuste de 31%.

Segundo a Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), 98% dos reajustes de contratos no estado não aplicaram o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), índice referência para aluguéis que aumentou 31,1%, em 12 meses até março.

Uma proposta na Câmara dos Deputados prevê um teto para os reajustes.

BOM PARA AMBOS

Veja dicas para negociar contratos em tempos de crise

  • Plano de saúde

Uma dica é tentar pedir a portabilidade para um plano mais acessível, reduzir a cobertura ou parcelar as mensalidades em atraso (tomando cuidado para não acumular novas dívidas)

  • Mensalidade escolar

Os pais podem pedir uma planilha de custo e avaliar se o valor cobrado é justo. Também é possível argumentar que a escola reduziu despesas, como energia, com as aulas remotas

  • Aluguel

Na hora de renovar o contrato, vale tentar evitar que o reajuste siga o IGP-M, que acumula fortes altas, e comparar o novo valor com o de imóveis parecidos. No caso de atrasos, é possível parcelar

  • Financiamentos

É preciso comparar os juros cobrados pelo banco atual com os de outras instituições. A portabilidade pode ser usada para migrar para opções mais baratas ou para negociar com o banco



FOLHA DE SÃO PAULO
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