As Entidades Fechadas de Previdência Complementar receberam nesta
segunda-feira (6) um ofício-circular da Secretaria de Políticas de Previdência
Complementar, órgão do Ministério da Fazenda, que representa um novo passo para
o esforço de racionalização e fomento do sistema. O documento apresenta
formalmente o projeto que avança nesse sentido ao propor um estudo técnico
sobre os requisitos mínimos para criação e manutenção de planos de benefício
nos modelos de Contribuição Definida (CD) e de Contribuição Variável (CV). Além
disso, o ofício informa as EFPCs sobre a contratação da consultoria que irá
desenvolver esse estudo, a Mercer/Gama, vencedora da licitação pública
realizada em 2016 (contrato nº 14), e solicita que as entidades enviem, até o
próximo dia 14, respostas a um formulário anexo.
Essas respostas servirão como base de referência para o levantamento,
cujo produto final será entregue à SPPC até o dia 15 de abril deste ano,
segundo informa o secretário adjunto da SPPC, José Edson da Cunha Júnior. Os
resultados serão apresentados nacionalmente e estarão disponíveis para toda a
sociedade, gratuitamente, na internet, como apoio técnico à criação de planos
de previdência complementar fechada.
Fortalecimento - A elaboração
desse estudo está diretamente ligada à perspectiva da reforma previdenciária,
explica o secretário. “Seja qual for o resultado da reforma, ele
certamente irá fortalecer a previdência complementar já que esse sistema terá
um peso maior na aposentadoria das novas gerações de brasileiros e, para
atender a essa demanda, resolvemos contratar um estudo que nos permita oferecer
insumos e apoio técnico bem embasado”. A SPPC já faz, historicamente, uma série
de reuniões com associações, sindicatos e entes da federação (estados e
municípios) para orientá-los na formatação de seus planos de benefícios, mas
faltavam respostas claras sobre os requisitivos mínimos necessários, incluindo
parâmetros econômicos, financeiros, atuariais, demográficos e legais, que serão
supridos pelo estudo.
O objetivo, portanto, é fazer um mapeamento dos custos de implantação e
manutenção de planos CD e CV, assim como dados relativos à oferta de benefícios
de risco de morte e invalidez, estabelecendo o que seria necessário para a sua
viabilidade. “Queremos ter uma prateleira de modelos que mostre de maneira
clara as alternativas viáveis para os interessados em criar planos, incluindo
aí os estados e municípios”, explica José Edson.
Camadas distintas - Para definir essa prateleira, o projeto prevê detalhar a viabilidade
de planos em três diferentes camadas de modelagem, informa o
secretário-adjunto. A primeira delas estabelecerá os custos e requisitos
mínimos de viabilidade para a criação e manutenção de planos CD e
CV. Em seguida, uma segunda camada detalhará as mesmas informações para
os casos de planos que também queiram oferecer benefícios de risco – morte e
invalidez – com as opções de internalizar esses benefícios ou contratar uma seguradora
para fazê-lo. A terceira e última camada trará informações sobre os planos que
pretendam avançar e oferecer ainda mais do que isso, incluindo benefícios
vitalícios aos seus participantes.
A iniciativa representa um importante passo para o crescimento do regime
de previdência complementar fechada, enfatiza o consultor da Mercer/
responsável pelo estudo, Antonio Fernando Gazzoni. “Será possível, com isso,
dar uma visão bastante completa dos planos existentes, o que permitirá ao
Ministério, como efeito adicional, estabelecer uma régua para verificar quem
está abaixo dos parâmetros mínimos”. Ao mesmo tempo, o estudo dará as
diretrizes para os empresários e governos que pretendam oferecer alternativas
de previdência complementar aos seus funcionários. Esse projeto, pondera o
consultor, reflete o alinhamento do Estado à necessidade de fomento da
previdência complementar. Além disso, com a perspectiva da reforma
previdenciária e a obrigatoriedade dos estados e municípios terem suas próprias
entidades para gerir planos de previdência complementar, será ainda mais
importante ter parâmetros disponíveis para a sociedade.
A consultoria pretende utilizar sua própria base de dados para
complementar as informações fornecidas pelas respostas ao formulário da SPPC,
observa Gazzoni. Com isso, ele lembra que “o sindicato, associação, empresa ou
governo que quiser criar um plano poderá saber exatamente quanto terá que
gastar, a quantidade mínima de pessoas envolvidas com esse trabalho e outros
dados fundamentais para tomar a decisão de ter seu próprio plano ou, por
exemplo, entrar num modelo multipatrocinado”.
Régua para desburocratizar - Os reflexos desse projeto, avalia José Edson, deverão ir
além de seu objetivo central que é o apoio técnico aos novos planos. “Como
consequência do estudo, teremos acesso aos dados de implantação e custos dos
planos, que poderão servir como insumo para desburocratizar esse processo”.
Outro efeito importante será a eventual apresentação de propostas para
racionalizar a atual modelagem, com planos mais simples e mais baratos. “O
grande intuito é o crescimento e o aperfeiçoamento do regime, de modo que
também os estados e municípios tenham condições de saber exatamente como
escolher seus próprios planos de previdência”, afirma o secretário.
Esse efeito colateral será relevante para o fomento,
reforça Gazzoni. “Ao determinar o custo de manutenção de um modelo de plano,
saberemos qual é o nível d'água para que ele tenha equilíbrio e seja razoável
mante-lo, além de apontar como chegar a esse equilíbrio de forma mais
transparente”. A pesquisa deverá levar em conta os custos de planos criados
recentemente mas também o de planos com cinco a sete anos de existência,
incluindo nesse universo planos com graus diferentes de complexidade. Além
disso, o estudo agregará sugestões e recomendações em face das conclusões
técnicas levantadas.
Diário dos Fundos de Pensão