Empresas
citadas na Operação Greenfield, que apura suspeitas de irregularidades em investimentos
de fundos de pensão, têm buscado seguro-garantia judicial para se proteger de
eventuais prejuízos.
Enquanto
o Bradesco teria optado por uma fiança bancária, o Broadcast, sistema de
notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que o grupo J&F, dos irmãos
Joesley e Wesley Batista, está à procura de uma seguradora que aceite emitir
uma apólice de R$ 1,5 bilhão. Até agora, a empresa não teria fechado o negócio,
segundo fontes, mas a J&F frisou ontem que a contratação "está em fase
de conclusão".
O grupo,
assim como o Bradesco e a OAS, que também já fecharam acordo com o Ministério
Público Federal (MPF), tem até 21 de outubro para apresentar garantias. Ao
todo, são 11 empresas investigadas na Greenfield. Santander, Brookfield,
Deloitte, Ecovix, Engevix, WTorre, Invepar e Sete Brasil também foram citadas
pelo MPF. Os processos contra essas empresas, hoje na esfera administrativa,
podem migrar para o âmbito criminal - se isso ocorrer, a contratação de um
seguro-garantia ficaria mais difícil, explica uma fonte. Por isso, existe a
pressa em fechar apólices.
No caso
da J&F, a negociação é complexa por causa do alto valor. Pesa ainda o fato
de a empresa já ser tomadora de seguro-garantia, seja via holding ou por uma de
suas controladas, como a JBS. Outra empresa envolvida na Greenfield, mas que
ainda não teria chegado a acordo com o MPF, também já teria consultado
seguradoras para se proteger com uma apólice.
Caso o
acordo de R$ 240 milhões entre OAS e MPF, antecipado pelo Broadcast, seja
confirmado pela Justiça, subirá para quase R$ 1,85 bilhão o volume de garantias
prometidas pelas empresas envolvidas na Greenfield. Esse valor leva em
consideração o montante de R$ 1,5 bilhão da J&F e de R$ 104 milhões do
Bradesco.
O
seguro-garantia tem sido cada vez mais demandado por empresas que querem se
proteger de processos judiciais. A opção é menos onerosa do que as fianças
bancárias e não pesa da alavancagem dos negócios, pois não é incluída no
balanço como empréstimo.
No
primeiro semestre, o mercado de seguro-garantia cresceu 22% em relação ao mesmo
período de 2015, totalizando cerca de R$ 840 milhões em prêmios, segundo a
Superintendência de Seguros Privados (Susep). Especialistas estimam que
aproximadamente 80% desse volume correspondem à modalidade judicial.
Fiança
bancária
Especialistas
dizem que alguns nomes, como o de grandes bancos, por exemplo, não teriam
dificuldades de obter capacidade com seguradoras brasileiras, uma vez que o
risco das instituições seria atrativo para o setor de seguros.
O
Bradesco, conforme fonte, teria optado por uma fiança bancária para fazer
frente aos R$ 104 milhões em garantias que tem de apresentar por causa da
menção da Bem Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, especializada na
prestação de serviços de administração fiduciária, e da Bram - Bradesco Asset
Management na Operação Greenfield.
"O
compromisso, homologado pela 10.ª Vara Federal do Distrito Federal, visa a liberar
as medidas constritivas de bens, mediante o oferecimento de garantias de até R$
104 milhões, ressalvando que sua assinatura não significa o reconhecimento de
qualquer responsabilidade civil ou criminal por parte das empresas e seus
administradores", informou o banco, ontem, em comunicado ao mercado.
IstoÉ