Governo lança programa de redução voluntária do
consumo de energia elétrica.
Proposta
prevê compensação financeira em troca de economia por grandes consumidores.
O MME (Ministério de Minas e Energia) abriu nesta
segunda (2) consulta pública para debater as regras do programa de redução
voluntária da demanda de energia elétrica, iniciativa para tentar reduzir o risco de apagões no fim do ano.
É o primeiro plano relacionado à demanda desde que
a Creg (Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética) foi criada,
no fim de junho.
O foco da câmara em iniciativas de aumento da oferta é visto por alguns especialistas como um
sinal de negacionismo do governo no enfrentamento da crise.
O programa de redução voluntária da demanda é
voltado apenas a grandes consumidores e prevê o pagamento de compensação
financeira a empresas que se disponham a reduzir o consumo por períodos de
quatro e de sete horas por dia.
O valor das compensações ainda não foi
definido.
Segundo portaria divulgada nesta segunda, as empresas interessadas
terão de informar ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) quanto podem
economizar e quanto desejam receber.
A portaria do MME define que, se o custo da
economia for menor do que o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), hoje em
seu valor máximo, de R$ 583,88 por MWh (megawatt-hora), a diferença será
retornada ao consumidor via encargos cobrados na conta de luz.
Se for maior, os encargos pagarão a diferença, que
posteriormente será rateada por todos os consumidores, hoje já pressionados
pela bandeira vermelha nível 2, a mais cara taxa extra cobrada para pagar
usinas térmicas.
Na nota técnica em que anunciou o novo programa de
redução da demanda, o MME lista uma série de iniciativas já tomadas para
enfrentar a crise energética, a maior parte delas com foco no aumento da
oferta, como incentivos à contratação de novas térmicas ou à importação de
eletricidade.
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia,
Bento Albuquerque, participou de cerimônia de reinauguração da térmica William Arjona,
a usina de energia mais cara do país, com custo de R$ 1.741 por cada MWh
(megawat-hora) gerado.
Estudos do ONS, porém, alertam para a possibilidade
de esgotamento da potência de energia ao fim do período seco, gerando risco de
apagões localizados nos horários de maior demanda, quando a rede de energia
demanda uma operação mais intensa das usinas hidrelétricas.
FOLHA DE SÃO PAULO