Os
principais indicadores do mercado financeiro voltaram aos patamares anteriores
à aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na
Câmara dos Deputados, evento que guiou investidores no primeiro semestre.
Nesta
terça-feira (27), o dólar, pressionado pela aversão à emergentes e por turbulências
no governo —crise diplomática com a França, queda de popularidade do presidente
Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e inquérito contra o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ)— foi ao maior patamar do ano, em R$ 4,158.
O
valor é o maior desde 14 de setembro de 2018, período marcado pela tensão
pré-eleitoiral, quando a moeda foi a R$ 4,167.
A
aprovação, por ampla margem de votos, do texto-base da reforma da
Previdência no plenário da Câmara, em 10 de julho, levou o dólar
a R$ 3,76.
Na esteira do cenário favorável, a moeda chegou a mínima do ano na
semana seguinte, quando fechou a R$ 3,73 em 18 de julho.
Já
o risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Defaut Swap) de cinco anos,
uma espécie de seguro contra calote, foi ao menor patamar desde setembro de
2014, antes das eleições presidenciais que reelegeram Dilma Rousseff
(PT), no dia de avanço da Previdência.
A
mudança também se dá no aumento de juros.
No momento, investidores precificam
juros de 0,15 a 0,4 ponto percentual maiores do que os patamares
negociados em julho e semelhantes aos de junho.
O
tese de que a taxa de juros deve subir de forma mais rápida a
partir de 2021 embute o aumento do risco do crédito, ligado à
saúde econômica do país.
Para
conter a alta da moeda americana, o BC vendeu dólares à vista,
com taxa de corte de R$ 4,125 e lote mínimo de US$ 1 milhão, na primeira
operação sem estar associada a nenhuma outra em cerca de uma década.
O montante total negociado não foi divulgado.
O real
acompanhou o movimento de desvalorização das moedas emergentes, que continuam a
perder valor em relação ao dólar, na esteira da aversão dos investidores a
risco, o que os leva a sair de emergentes e migrar para ativos mais seguros,
como títulos americanos, ouro e dólar.
FOLHA DE SÃO PAULO