Previ estuda sair de bloco de controle de empresas


Depois de vender sua participação na CPFL Energia, a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, estuda deixar o controle de outras companhias em que está atualmente presente. O movimento é parte da estratégia de reduzir sua participação em ativos de renda variável e buscar posições mais líquidas. A instituição fez a revisão anual de seu plano de investimentos para os próximos sete anos no final de novembro.

 

"A tendência é que a Previ migre para posições fora de bloco de controle sempre que possível. No caso de outras empresas [depois da CPFL], pode se dar de várias maneiras: a venda da participação total, venda da parte do bloco de controle ou renegociação de bloco de acionistas", disse ao Valor o diretor de investimentos do fundo de pensão, Marcos Moreira Almeida. A Previ está no bloco de controle de empresas como Vale, Neoenergia e também a Invepar.

 

"A gente não tem nada batido a martelo", acrescentou o diretor de planejamento, José Carlos Reis da Silva. Segundo Zeca, como é conhecido, o fundo "trabalha com muita cautela, avaliando cenários e propostas". De acordo com os executivos, para todas as empresas há conversas "permanentemente em andamento", mas não detalharam.

 

No caso da CPFL, cujo negócio foi anunciado em setembro, uma conversa preliminar não aconteceu. Com a obrigação da chinesa State Grid de estender a oferta feita ao grupo Camargo Corrêa, a Previ acabou aceitando a proposta. "Foi um desinvestimento oportunístico, que atendeu a vários objetivos, principalmente, o preço", afirmou Marcos. A Previ embolsará R$ 7,3 bilhões com a transferência de sua participação para o grupo chinês.

 

Na revisto anual da política de investimentos, concluída no mês passado, o fundo de pensão definiu a redução da participação das aplicações em renda variável para um intervalo de 41,75% a 49,75% até o final de 2017. A política anterior previa que esses investimentos ficassem entre 47,9% e 55,9%. A expectativa é fazer uma redução gradual dessas participações até chegar a uma fatia de 30% na renda variável até o final de 2023.

 

A estratégia é voltada para o Plano 1, que concentra a maior parte do patrimônio da Previ, mais maduro e que concentra pagamento significativo de aposentadorias. O fundo tem mais de 95 mil aposentados e pensionistas e um patrimônio de R$ 155 bilhões. Depois de ter acumulado um déficit de mais de R$ 16 bilhões no ano passado, ele reduziu o resultado negativo para R$ 9,36 bilhões no acumulado de 2016 até outubro, com desempenho de 17,24%.

 

Atualmente, a folha de pagamento da Previ é de cerca de R$ 800 milhões ao mês. Com o programa de desligamento anunciado pelo Banco do Brasil, deve aumentar cerca de 10% além do que já cresce todo ano - geralmente em linha com a inflação. Ao longo de 2017, a previsão dos diretores é que alcance a R$ 1 bilhão mensais.

 

Com a venda da fatia da CPFL, a Previ não está pressionada para venda de ações em 2017, segundo o diretor de planejamento. "A velocidade com que isso vai acontecer vai depender muito das condições de mercado. Temos tranquilidade para retardar um pouco se o mercado não estiver favorável e aproveitar as oportunidades, caso elas surjam", afirmou. Considerando este desinvestimento, a participação do fundo em renda variável fica perto do centro da meta para o ano que vem.

 

A tendência é migrar para uma renda fixa de maior liquidez, especialmente títulos do Tesouro NTN-B, por sua correlação forte com a meta atuarial do fundo. Mas a política de investimentos da Previ não impede a aquisição de ações, desde que sejam posições "líquidas e livres", frisaram os diretores.

 

"A gente não tem estratégia de aumentar participações relevantes ou novas participações relevantes em empresas que façam com que as ações fiquem bloqueadas por acordos de acionistas ou condições de liquidez de mercado", afirmou Almeida.

 

Na carteira da Previ há participações em empresas como Banco do Brasil (BB), Petrobras, Bradesco e Itaú Unibanco.

 

Na revisão da política de investimentos, a Previ decidiu não aumentar sua participação em investimentos estruturados em 2017, que atualmente somam R$ 700 milhões. Uma alteração na estratégia para esse segmento será discutida na revisão da política de investimentos no final do próximo ano. "Vai depender muito do cenário econômico", diz Zeca. O fundo de pensão possui participação de 2,3% do FIP Sondas, dono da Sete Brasil, empresa atualmente em recuperação judicial.

 

"O fundo tem acompanhado o processo de recuperação judicial da Sete Brasil na expectativa que se tenha alguma recuperação do valor do investimento", disse o diretor de planejamento. A Previ investiu R$ 180 milhões na sua participação.

 

A fundação também vai manter sua participação em ativos no exterior, uma pequena fatia de R$ 113 milhões perto de seu patrimônio total. No ramo imobiliário - cuja carteira chega a R$ 10 bilhões, ou 6,8% do patrimônio - há espaço para uma redução. O plano de investimentos prevê ainda que a fatia deste setor fique entre 5% e 7% no ano que vem.

 

No caso do plano Previ Futuro, que tem patrimônio de cerca de R$ 9 bilhões, a política de investimentos ficou inalterada para uma alocação de 21% a 95% em renda fixa e de 0% a 60% em renda variável. "É um plano jovem, está em acumulação, não tem tanta pressão de liquidez", disse Zeca. O fundo tem cerca de 1 mil aposentados e pensionistas.  

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