Órgão que julga recursos de aposentadorias levará
16 anos para zerar fila, estima TCU.
Auditoria do
Tribunal de Contas da União aponta falhas em procedimentos; Ministério da
Previdência não respondeu à reportagem.
Auditoria realizada
pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nos
recursos apresentados por segurados contra decisões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) apontou
falhas no julgamento dos processos no CRPS (Conselho de Recursos da Previdência
Social).
Dentre os problemas
encontrados estão baixa capacidade operacional para julgar os recursos, falta de uniformização dos
entendimentos que deveriam ser aplicados em ações sob o mesmo tema,
ineficiência nos casos que tratam de perícia médica, falta de clareza para
comunicar os motivos das negativas e baixo
número de processos analisados por servidores que não recebem bônus.
A auditoria foi feita em processos de 2021, por meio de amostras
que representam um universo de 361,4 mil ações.
Segundo o TCU, para julgar os
247,7 mil acórdãos pendentes na época, seriam necessários 16 anos, já que o ritmo
de rotatividade fila é alto.
Enquanto se julgavam, em média, 34,1 mil recursos
mensais, entravam 48,8 mil novos a cada mês.
Além disso, o prazo de finalização dos processos —da
distribuição ao cumprimento da sentença— é quatro vezes maior do que a espera
prevista em lei. No CRPS, a ação chegava ao final após 1.029 dias, o que dá
dois anos e oito meses.
O prazo deveria ser de 280 dias, ou seja, menos de um
ano.
O relatório aponta ainda que a automatização dos sistemas do
INSS com o uso de robôs na análise inicial de
pedidos de benefícios têm
contribuído para o alto número de recursos no CRPS e excessiva judialização de
casos contra o INSS.
No relatório, o TCU traz recomendações que devem ser seguidas
pela Previdência e o INSS.
Dentre elas está o aumento do nível de automatização
no CRPS, com foco na análise de documentos e na unificação de decisões,
jurisprudências e portarias que auxiliem nos julgamentos.
FOLHA DE SÃO PAULO