Brasileiros criam e exportam vírus que desvia transferências em mais de
60 bancos.
Programa malicioso age sobre computadores e visa
empresas e repartições públicas.
Criminosos brasileiros criaram e exportaram um
vírus que desvia transferências em mais de 60 bancos.
A fraude virtual passava
despercebida até o início deste ano, segundo a equipe de pesquisa do antivírus
Kaspersky.
O programa invasor (malware), chamado de Coyote, é
distribuído por email e simula um pacote de atualização do Windows, chamado de
Squirrel, acionado quando o arquivo enviado na mensagem é aberto.
O ataque visa computadores pessoais usados em
empresas e repartições públicas.
É o que os técnicos chamam de trojan bancário
—em referência ao cavalo de troia usado pelos gregos para ultrapassar as
muralhas inimigas.
O vírus usa
uma estratégia de instalação por fases que dificulta a detecção por parte dos
antivírus.
Além disso, usa a linguagem de programação nim, vista pela primeira
vez em um trojan. "Isso tudo ajuda a furar as defesas do sistema da
vítima", diz o diretor da equipe de pesquisa na América Latina da
Kaspersky, Fabio Assolini.
Depois de
instalado, o vírus monitora a atividade da vítima em sites bancários.
O
programa é capaz de capturar as letras tecladas pelo usuário, de mover o mouse
e de configurar uma página falsa para roubar dados.
Após roubar as informações bancárias, os criminosos
podem realizar operações financeiras e desfalcar a conta de seus alvos ou
executar compras no cartão de crédito.
Para realizar a fraude sem que o dono do computador
perceba, o Coyote bloqueia a tela da vítima e emite um comunicado falso de
atualização do Windows. Sob a imagem falsa, ocorrem as transferências ilegais.
A única solução para evitar o Coyote é desconfiar
de emails de remetentes desconhecidos ou estranhos. Uma dica é conferir se o
servidor (@empresa.com) confere com o site original.
Outra é ter versões atuais
de antivírus instaladas.
Cerca de 90% das detecções do novo vírus ocorreram
no Brasil, segundo a Kaspersky.
Embora tenha origem local, o programa invasor
já foi detectado em outros países da América Latina.
Os cibercriminosos brasileiros são referência
global na programação de trojans bancários e os exportam. Há registros de vírus
nacionais até na Austrália.
FOLHA DE SÃO PAULO