Agenda econômica
do governo anima empreendedores, mas entusiasmo só irá perdurar se reformas
acontecerem
O otimismo
cresceu entre os micro e pequenos empreendedores nos últimos meses de 2018, de
acordo com pesquisas do Sebrae e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao
Crédito).
As eleições
presidenciais, em outubro, foram determinantes para que esses empresários
acreditassem na retomada da economia e no futuro dos seus negócios.
Liderada pelo
economista Paulo Guedes, a equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (PSL)
está deixando os empresários “eufóricos com a agenda neoliberal”, diz Enio
Pinto, especialista em empreendedorismo do Sebrae. A reforma tributária, com
redução e simplificação de impostos, é uma das medidas mais esperadas pelos
pequenos empreendedores.
Segundo
Luis Felipe Franco, diretor de aceleração da Endeavor, hoje os empresários
perdem tempo demais com o cálculo de tributos e a falta de clareza nas regras
para fazer as declarações.
Outro ponto aguardado
é uma facilitação do crédito, importante para a sobrevivência e a expansão das
pequenas empresas. Hoje, 36% dos pequenos empresários considera o acesso às
linhas difícil, segundo estudo do SPC Brasil com a CNDL (Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas), lançado em dezembro.
“Os bancos pedem
garantias e histórico de negociações que inviabilizam o acesso do pequeno
empreendedor ao crédito. Até para empresas médias é difícil”, diz Enio.
Para Marcela Kawauti,
economista-chefe do SPC, essa dificuldade para conseguir financiamentos nos
bancos vem da natureza das empresas pequenas. Como a taxa de mortalidade desses
negócios é elevada —no estado de São Paulo, cerca de um em cada quatro fecha em
dois anos—, os bancos impõem juros altos. Há ainda, explica a economista, falta
de conhecimento por parte dos micro e pequenos sobre suas opções de
crédito.
VALOR ECONÕMICO