O que está em jogo na negociação entre servidores do INSS e o governo
Lula.
Paralisação iniciada no dia 10
de julho ganha corpo e cerca de cem agências estão fechadas total ou
parcialmente no país, segundo sindicato
Os servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social) decidiram iniciar uma greve em todo o país no dia 10 de julho
deste ano, depois de não conseguirem acordo com o governo federal sobre reajuste salarial e valorização profissional.
A medida, que atinge tanto quem trabalha de forma presencial nas agências
quanto os que estão em home office, ganhou força no dia 16 de julho.
Até o momento, cerca de cem agências estão fechadas
total ou parcialmente, de 1.306 unidades existentes.
A paralisação impacta a análise e a concessão de
benefícios como aposentadorias e pensões e BPC (Benefício de
Prestação Continuada), de recursos e revisões, além dos atendimentos
presenciais (exceto perícia médica).
O pente-fino em auxílios, com o qual o governo
federal espera economizar R$ 25,9 bilhões e cumprir o arcabouço fiscal em 2025,
também é afetado, segundo os representantes dos trabalhadores.
A reivindicação dos grevistas é um reajuste
salarial de 33% até 2026 e a valorização da carreira de técnico do seguro
social.
INSS tem quase 19 mil servidores em todo o
país, mas chegou a ter 25 mil em 2015. São 15 mil técnicos responsáveis por
quase todos os serviços do órgão e 4.000 analistas.
Um milhão de pedidos de
benefício chegam para análise mensalmente, segundo os sindicatos que
representam a categoria. A falta de pessoal é um dos motivos para a
paralisação.
Os servidores também afirmam haver um
"sucateamento do parque tecnológico do INSS", com "sistemas
lentos, que param por horas quase que diariamente", o que leva à demora no
atendimento dos segurados.
A categoria cobra a exigência de nível superior
para ingresso no cargo de técnico do seguro social, defendendo a complexidade
das atividades desenvolvidas e temendo o avanço do uso de IA (Inteligência Artificial) nas
análises do INSS.
FOLHA DE SÃO PAULO