ECONOMIA | PERSPECTIVA SEMANAL



Reuniões de Fed e BCB testam o tom em meio à incerteza

Nesta quarta-feira (7), o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central do Brasil (BCB) se reúnem em meio a um cenário de incerteza elevada e mercados atentos ao compromisso das autoridades monetárias com o combate à inflação. 

As decisões de juros acontecem em um contexto em que os dados recentes de atividade econômica seguem mistos, mas ainda sugerem resiliência, e a política comercial americana adiciona volatilidade ao ambiente global com seus anúncios e recuos sucessivos.

Nos Estados Unidos, esperamos que o Fed mantenha os juros inalterados, com uma comunicação ainda cautelosa. 

Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre ter vindo abaixo do esperado no headline, a abertura do dado mostrou uma demanda doméstica privada ainda sólida — o que, somado à persistência da inflação e à resiliência do mercado de trabalho, reforça a leitura de que o banco central norte-americano deve permanecer no modo “wait and see”. O tom deve seguir conservador, reforçando que ainda não há espaço claro para cortes.

No Brasil, o debate é mais sensível. O BC adotou um tom mais dovish nas reuniões paralelas do Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril, destacando os riscos do ambiente externo e a importância de manter flexibilidade. 

Ainda assim, projetamos uma alta de 50 pontos-base na Selic nesta reunião, diante de uma inflação pressionada, expectativas desancoradas e uma atividade que segue resiliente. 

Como complicador adicional, o Relatório Focus desta segunda-feira (5) mostrou o início de projeções de cortes para 2025, o que colide com a estratégia de “juros elevados por mais tempo” que a instituição monetária vinha tentando construir.

Dado esse panorama, vemos espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) reforçar seu compromisso com a convergência da inflação e sinalizar que poderá avaliar nova alta em junho, caso o balanço de riscos não melhore. 

No entanto, a introdução do termo “gradualismo” nas falas recentes da autoridade monetária chama atenção e sugere uma possível mudança de estratégia, abrindo a porta para um ritmo mais brando, com altas de 25 pontos-base. 

Por esse motivo, aumentamos a probabilidade desse quadro, ainda que sigamos projetando 50 pontos como o cenário base.

Assim, esperamos um balanço final mais hawkish por parte das duas autoridades monetárias, especialmente em relação à precificação corrente do mercado, que ainda contempla cortes de juros para este ano. 

No entanto, no caso do Brasil, reconhecemos que a comunicação recente do BC diminuiu nossa convicção nesse diagnóstico, e seguiremos atentos ao tom e à calibragem da mensagem no pós-Copom.

 

Reuniões de decisão de política monetária nos EUA, Brasil e Inglaterra.

Nos EUA, o destaque desta semana será a reunião do Federal Open Market Committee (FOMC) na quarta-feira, na qual será decidido o nível da taxa de juros norte-americana. 

A expectativa da SulAmérica Investimentos está em linha com o projetado pelo mercado, 4,50% para o limite superior da banda, e 4,25% para o limite inferior. 

Na segunda-feira será publicada a pesquisa de serviços do Instituto ISM (Institute for Supply Management) referente a abril. 

O dado deve registrar 50,2 pontos, abaixo dos 50,8 observados em março. 

Nesta terça-feira (6) será divulgada a balança comercial de março. Já na quinta-feira (8) será divulgado o valor de março das vendas no atacado e a pesquisa de abril das expectativas de inflação de um ano do Fed de Nova York. 

Por fim, na sexta-feira (9), agentes do mercado permanecerão atentos aos discursos de membros do Fed.

Na Europa, o destaque da agenda de dados é a reunião do Banco Central da Inglaterra. 

Na segunda-feira será divulgado o índice Sentix de confiança ao consumidor, que deve registrar -11 pontos em maio, acima do observado em abril (-19,5 pontos). 

Na terça-feira acontecerá a publicação das leituras finais dos PMIs de abril em diversos países, com destaque para Alemanha, Inglaterra e Zona do Euro. 

Também será anunciada a inflação ao produtor da Zona do Euro, que deve cair -1,4% M/M em março, contra 0,2% M/M em fevereiro. 

Na quarta-feira serão publicadas as vendas no varejo da Zona do Euro, que devem cair -0,1% M/M em março, ante 0,3% M/M em fevereiro. 

Na quinta-feira acontecerá a reunião dos membros do Banco da Inglaterra para decidir a direção da taxa de juros. 

Entre especialistas do mercado, há consenso de que a taxa de juros será reduzida em 0,25%, concretizando uma taxa básica de 4,25% a partir de maio. 

Ainda na quinta-feira, dados de produção industrial serão divulgados na Alemanha. Segundo a expectativa de mercado, a produção industrial deve avançar 1,0% M/M em março, ante -1,3% M/M em fevereiro. 

Na comparação interanual, o dado deve continuar em queda (-2,6% A/A).

Na Ásia, o destaque será a divulgação de dados de inflação da China. 

Na segunda-feira será publicado o PMI Caixin de Serviços, que deve cair marginalmente para 51,8 pontos em abril, ante 51,9 em março. 

A inflação ao consumidor e ao produtor serão publicados na sexta-feira, com expectativa de -0,1% A/A e -2,6% A/A, respectivamente.

No Brasil, na segunda-feira será publicado o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe) de abril, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da última semana de abril e as vendas de veículos da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), também de abril. 

Na terça-feira, será publicado o PMI de Serviços de abril. Na quarta-feira ocorrerá a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) referente a março, e a reunião do Copom para decidir a taxa de juros. 

A projeção do mercado para a PIM é de crescimento em 0,5% M/M, ante -0,1% M/M em fevereiro, e 1,5% A/A na comparação interanual. 

Sobre a taxa de juros, a SulAmérica Investimentos espera por um acréscimo de 0,50% na Selic, totalizando 14,75%. 

Na quinta-feira será divulgado o IPC-S da primeira semana de maio, e o IGP-Di de abril. Por último, na sexta-feira, será apresentado o Índice de preços ao consumidor (IPCA) de abril. 



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