Reproduzimos
abaixo “Position Paper” divulgado ontem em que a Abrapp se posiciona sobre o
tema reforma da Previdência, à luz da proposta encaminhada pelo Governo e de
demandas mais amplas captadas por estudos e em debates nos quais a Associação
vem tendo uma ativa participação.
A Abrapp
defende, há tempos, a necessidade de mudanças em profundidade da Previdência
Social. Por isso, a entidade considera que a proposta de reforma da Previdência
apresentada pelo governo federal ao Congresso Nacional é uma iniciativa necessária
para o Brasil, ainda que precise ser analisada com mais detalhes para que se
tenha uma ideia mais acurada de seu alcance e possíveis impactos.
Seja como
for, os números – embora não sejam o único fator a levar em conta na análise do
tema – mostram claramente a situação que beira o colapso vivida pela
Previdência no Brasil.
O governo
federal estima que o déficit do setor vai superar R$ 180 bilhões em 2017 e
chegará a 18% do PIB em 2060. Diante desses dados fica clara a necessidade de
mudanças imediatas, sob pena de sobrecarregar ainda mais a sociedade brasileira
nos próximos anos.
Pelo que
foi divulgado no dia de entrega da proposta do governo ao Legislativo, e pelo
que se tem noticiado na imprensa, um dos destaques da reforma serão as mudanças
paramétricas – elevação da idade mínima para se aposentar, igualdade entre
homens e mulheres, revisão da indexação dos benefícios ao salário mínimo. Sem
dúvida, são mudanças importantíssimas, mas na visão da Abrapp é preciso
discutir, antes de mais nada, uma nova previdência para os novos trabalhadores.
A Abrapp
defende a necessidade de reformas estruturais, além das paramétricas, para os
novos entrantes. Nesse desenho, o modelo previdenciário se dividiria da
seguinte forma:
- o 1º.
Pilar, obrigatório, seria a Repartição, que prevê benefício contributivo por
repartição para todas as classes trabalhadoras;
- também
obrigatório, o 2º. Pilar seria Capitalização, com benefício contributivo por
capitalização (conta vinculada ao trabalhador);
- a
proposta da Abrapp é que o 3º. Pilar, facultativo, seria de Previdência
Complementar Coletiva, prevendo a capitalização coletiva com incentivos
tributários para formação de poupança de longo prazo;
- o 4º.
Pilar, também facultativo, é a Poupança Individual, com capitalização
individual e também incentivado para poupança de longo prazo.
Cabe
ressaltar que nessa nova previdência é preciso dedicar especial atenção às
entidades fechadas de previdência complementar. Elas dão ao trabalhador que se
aposenta a oportunidade de manter a qualidade de vida da sua família. Esses
benefícios da previdência complementar fechada estendem-se aos servidores
públicos e aos da iniciativa privada e autônomos (via planos instituídos). Mas
a relevância vai além: a poupança previdenciária é o instrumento mais natural
de poupança de longo prazo de que o País tanto necessita.
Assim, a
previdência complementar fechada une o útil ao agradável: dá maior proteção ao
trabalhador e, ao mesmo tempo, aumenta a poupança que faz o País crescer.
Como se
vê, a previdência complementar fechada é parte importante da solução desse tema
prioritário para o futuro do Brasil. E por sua expertise acumulada e desempenho
de alto nível em décadas, tem todas as condições para se tornar um aliado de
peso do governo na reforma da previdência.
Por isso, a Abrapp reitera nesse momento histórico
para a Previdência sua total disposição para o diálogo com todos os segmentos
de nossa sociedade, no sentido de que possamos, juntos, encaminhar as soluções
necessárias e efetivas para um tema do qual tanto depende o futuro do País.
Diário dos Fundos de Pensão