A declaração do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que
o BNDES poderia voltar a financiar projetos
brasileiros no exterior retomou o debate acerca dos empréstimos –e
calotes sofridos– pelo banco de fomento a países aliados em gestões antigas do
PT.
Entenda: os empréstimos no centro da polêmica são os da política
classificada pelo banco como exportação de bens e serviços brasileiros de
engenharia.
- Pela iniciativa, os recursos
eram destinados a companhias brasileiras, em reais, e os países
importadores assumiam as dívidas. O pagamento deveria ser feito com juros,
em dólar ou euro.
- Quando há inadimplência,
o BNDES aciona a estrutura de
garantias que permite o ressarcimento via FGE (Fundo de Garantia à
Exportação), alimentado com recursos do Tesouro Nacional –ou seja, do
contribuinte.
Em números: o BNDES
desembolsou cerca de US$ 10,5 bilhões entre 1998 e 2017 para a
realização de projetos em 15 países. A maior parte, 88% do total, foi de 2007 a
2015.
- Até setembro do ano passado,
o banco havia recebido de volta US$ 12,8 bilhões, entre
parcela principal dos empréstimos e juros.
E a inadimplência? Somados, três
países acumulavam US$ 1 bilhão em calotes (dados de setembro):
- A Venezuela tinha cerca
de US$ 682 milhões em atraso, com US$ 641 milhões
indenizados pelo FGE.
- Cuba registrava cerca
de US$ 227 milhões em inadimplência. Desses, US$ 41
milhões não haviam sido indenizados.
- Moçambique tinha US$
122 milhões em atraso e já indenizados pelo fundo do Tesouro.
Hoje, essa operação
está suspensa pelo BNDES. O banco afirmou que não tem demanda ou previsão de financiar
serviços de infraestrutura no exterior, ressaltando que os atuais esforços são
no sentido de alavancar especificamente a exportação de produtos e bens.
Opinião: Lula acertou sobre o BNDES, apesar de ter errado, escreve o colunista Rodrigo Tavares.
FOLHA DE SÃO PAULO