Os
principais sócios da Vale estão perto de aprovar um plano para transformar a
mineradora numa empresa de capital disperso em seis anos, quando o acordo de
acionistas deixar de existir, disseram duas fontes familiarizadas com o plano.
A
mineradora confirmou nesta quinta-feira que seus acionistas estão "em
tratativas" para elaborar um novo acordo de acionistas, que poderia
envolver uma "possível proposta de reestruturação societária e de
aperfeiçoamento da estrutura de governança" da companhia.
Segundo as
fontes, que pediram anonimato, as negociações em andamento para renovar o
acordo entre Bradespar, Mitsui e fundos de pensão do país podem ser concluídas
até o fim de fevereiro ou início de março.
O atual
acordo de acionistas de 20 anos termina em abril. Bradespar e a Previ
propuseram que todo o capital da Vale seja composto por ações ordinárias, um
primeiro passo para a mineradora se transformar numa empresa com capital
disperso, disse a primeira fonte.
No
comunicado divulgado nesta quinta-feira, a Vale disse que "não há qualquer
discussão ou deliberação...sobre eventual unificação das ações de sua
emissão" no âmbito companhia, mas ressaltou que o novo acordo de
acionistas é alvo de tratativas entre os sócios da empresa.
Se o
acordo for renovado, o plano seria apresentado ao conselho por volta de março e
aos acionistas logo depois, disseram as fontes. O plano previne Bradespar e
Mitsui de pagar um prêmio maior à Previ, maior acionista da Vale, para manter a
partilha de poderes de decisão, disseram as fontes.
Até
agora, não há discussões entre os maiores sócios para substituir o
presidente-executivo Murilo Ferreira, cujo mandato expira no meio do segundo
trimestre, disseram as fontes. Uma das pessoas disse que Ferreira poderia ficar
mais um ano pelo menos.
A
Bradespar, braço do Bradesco, também confirmou em comunicado que há tratativas
sobre um novo acordo de acionistas para a Vale.
A
assessoria de imprensa da Previ não comentou de imediato. Esforços para falar a
assessoria de imprensa da Mitsui fora do horário comercial no Japão não tiveram
sucesso.
A melhora
da estrutura de governança decorrente de um novo acordo de acionistas poderia
alavancar as ações da Vale, tirando a diferença em relação às empresas globais
de mineração, disse o analista BTG Pactual Leonardo Correa. A medida pode
liberar até 18 bilhões de dólares em valor para os acionistas, disse ele.
As ações
preferenciais da Vale subiram 3,3 por cento na quarta-feira, enquanto as ações
ordinárias ganharam 5 por cento. O prêmio das ações ordinárias sobre as
preferenciais caiu para o piso em meses após o jornal Valor Econômico publicar
reportagem sobre o acordo na quarta-feira.
Outros
membros do bloco que controla a companhia via holding Valepar incluem os fundos
Fundação Petros, Funcef e Funcesp, além do BNDES.
A estratégia seria replicar o movimento para tirar a
Embraer das mãos do governo em 2006, disseram as fontes. No caso da Embraer, a
conversão de ações foi feita junto com o fim do acordo de acionistas da
companhia, mas o governo manteve a "golden share", que veta qualquer
tentativa de aquisição hostil. O governo brasileiro tem uma golden share na
Vale.
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