MUNDO CORPORATIVO


O home office vai acabar? Entenda por que empresas estão voltando aos escritórios.

Queda de produtividade explica declínio do trabalho remoto no mercado pós-pandemia.

É o tal do "anywhere office" (ou escritório em qualquer lugar, em tradução livre), um dos botes salva-vidas da economia durante a pandemia de Covid

Mas o fim das quarentenas colocou um prazo de validade nesse modelo de trabalho.

Hoje, a contragosto dos profissionais, postos remotos estão minguando no mercado, conforme companhias apertam o cerco para a volta aos escritórios.

De acordo com dados do LinkedIn’s Economic Graph, braço de análise da rede social, 25% das vagas publicadas por lá mencionavam a possibilidade de trabalhar de casa em fevereiro deste ano, incluindo o formato híbrido. 

No mesmo período do ano passado, eram 39%.

O fenômeno também aparece lá fora. Ainda segundo o LinkedIn, 9% das ofertas de emprego nos Estados Unidos ofereciam o trabalho totalmente remoto em julho de 2023, ante 18% no ano anterior. 

O híbrido, lá, aumentou de 8% para 13% na mesma base de comparação.

Mesmo grandes empresas de tecnologia –as chamadas "Big Techs", como GoogleAmazonApple e até Zoom–, antes vocais sobre os benefícios do home office, passaram a exigir a presença dos funcionários nos escritórios pelo menos algumas vezes na semana.

O último caso significativo aconteceu no final de agosto. 

O CEO da Amazon, Andy Jassy, chegou a fazer um ultimato aos funcionários que relutavam a volta presencial: "Já passou da hora de discordar e se comprometer. E, se não pode fazer isso, provavelmente a Amazon não vai dar certo para você". 

A gigante do e-commerce passou a exigir a presença no escritório ao menos três dias na semana.

A explicação para esse movimento recai no que antes era o grande trunfo do trabalho remoto: a produtividade. 

Uma pesquisa da Universidade de Stanford, publicada em julho, aponta que o trabalho totalmente remoto pode ser de 10% a 20% menos eficiente a depender da área de atuação e de como as empresas se preparam para ele.

“O melhor modelo de trabalho é aquele que age conforme a demanda. Os trabalhadores perceberam que são do mercado, e não dos lugares para os quais trabalham”.

Anna Cherubina - professora de MBA’s da FGV (Fundação Getulio Vargas) e especialista em gestão de pessoas e carreiras

E se a demanda é por mais dias em casa, o híbrido pode ser o melhor dos dois mundos

A mesma pesquisa da Universidade de Stanford que indica queda de produtividade no modelo remoto aponta que, no híbrido, o desempenho é igual – se não melhor – do que no presencial.

"Combinar dias em casa com dias no escritório pode ser a forma mais saudável de lidar com esse dilema", resume Cherubina.



FOLHA DE SÃO PAULO
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