Conduzidos por algoritmos, entregadores de comida
de gigantes chinesas têm pequena recompensa.
Salários
com a categoria chega a ultrapassar os 70% da receita das empresas de delivery.
As gigantes de entregas de comida da China
enfrentam a prestação de contas depois que uma reportagem que se tornou viral
destacou as péssimas condições de trabalho de seus entregadores e
a tirania dos algoritmos que controlam suas vidas.
A investigação de seis meses pela revista em língua
chinesa People expõe em duros detalhes o custo humano de um sistema de entregas
dirigido por máquinas calibradas para maximizar a eficácia e o lucro.
Ela mostra como a pressão para cumprir prazos rígidos leva os entregadores ao
limite, forçando-os a disparar em velocidade por ruas e becos em bicicletas
elétricas, infringindo regras de trânsito para não serem penalizados pelas
empresas.
A denúncia que viralizou nas redes sociais,
intitulada "Entregador emperrado no sistema", também descreve como
eles e outras pessoas são habitualmente feridos ou mortos em acidentes de trânsito.
A empresa Meituan-Dianping, foco da reportagem,
emitiu um pedido de desculpas no final da quarta-feira (3), prometendo dar aos
entregadores 8 minutos a mais por entrega.
Ela também disse que reduzirá as
penalidades e prolongará o tempo das entregas ainda mais em clima adverso.
A Meituan tem
hoje mais de 2,95 milhões de entregadores registrados.
A indústria como um todo ganhou 1,39 milhão deles
apenas neste ano, quando a pandemia deixou as pessoas desempregadas.
FOLHA DE SÃO PAULO