Relaxamento do uso de máscara é prematuro, afirma
Fiocruz.
Em
boletim, instituição diz que letalidade por Covid aumentou na comparação com
semana anterior.
Iniciativas de flexibilizar o uso de máscara e
suspender outras medidas de distanciamento social no Brasil podem ser precoces, afirma a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em
boletim epidemiológico sobre a Covid divulgado nesta sexta (11).
Segundo a instituição, continuar com essas medidas
é importante para cobrir lacunas, como a baixa cobertura vacinal, no combate ao
coronavírus.
"A vacinação por si só não é suficiente para controlar a pandemia e prevenir mortes e
sofrimento, é fundamental que se mantenha um conjunto de medidas combinadas até
que o patamar adequado de cobertura vacinal da população alvo seja
alcançado", afirmam os pesquisadores no documento.
A Fiocruz menciona um estudo americano publicado na
revista The Lancet que avaliou os impactos positivos do uso de máscara mesmo depois de se atingir um nível alto de
vacinação da população.
Na pesquisa, cientistas utilizaram modelos matemáticos
e observaram como o uso do equipamento pode salvar milhares de vidas e ainda
economizar recursos financeiros da saúde pública.
Para a Fiocruz, o surgimento de novas variantes
mais transmissíveis, como a ômicron e a delta, e a perda de eficácia das
vacinas são indicativos para a continuidade do uso de máscara.
"As
incertezas envolvidas nesse processo pandêmico valorizam ainda mais [a
utilização das máscaras]", afirmam os autores do boletim.
Atualmente, alguns estados já suspenderam a
obrigatoriedade do item em espaços abertos, como é o caso de São Paulo,
que anunciou a flexibilização nesta quarta-feira (9).
Segundo os dados, a média da letalidade no
Brasil estava em torno de 0,3% no início de 2022, quando houve a explosão de
casos diante do alastramento da ômicron. Nesta semana, esse valor evoluiu para
aproximadamente 1%
Para os pesquisadores, esse incremento na
mortalidade "pode demarcar o fim de um período de alta transmissibilidade
da doença, bem como deve servir como alerta para a possível ocorrência de casos
graves, principalmente entre grupos populacionais mais vulneráveis, não
vacinados ou com esquema de vacinação incompleta".
Outro ponto abordado foi a questão da quarta dose, que ainda gera debate entre especialistas sobre
se deve ou não ser adotada no país.
No caso da Fiocruz, houve a menção à importância de
abordar esse assunto, já que se aproxima o marco de seis meses em que as
primeiras doses de reforço foram dadas a idosos, grupo populacional de grande
risco para a Covid.
FOLHA DE SÃO PAULO