O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (26) que um imposto
sobre transações financeiras de 0,20% poderia ajudar na desoneração da folha de
pagamento.
Disse ainda que a proposta que o governo irá
apresentar prevê que transações feitas em espécie e sem o recolhimento do
tributo não terão validade, citando como exemplo a compra de um apartamento
feita por um traficante de drogas em dinheiro vivo.
Guedes avalia que pelo menos parte da reforma
tributária poderá ser aprovada ainda neste ano e começaria a valer em 2020.
“Você troca 20% de encargo trabalhista por um
negocinho que não dá nem 2%. É 10% de 2% [0,20%].
Traficante paga, traficante
de droga paga, traficante de arma paga. Tem um monte de gente, tem coisa que eu
não vou falar, que também paga”, afirmou durante evento de premiação da revista
Exame.
O ministro disse que essa é a parte da reforma
tributaria onde há um “barulhinho” desde a campanha eleitoral. Foi nessa época
que o presidente Jair Bolsonaro negou pela primeira vez que iria apoiar a volta
de uma CPMF.
“O que você prefere? Encargos trabalhistas ou
desonerar a folha e pagar esse imposto horroroso? É um crime tributar a folha
de pagamento”, afirmou.
Sobre a cumulatividade de tributo, o ministro
afirmou que o imposto é “tão pequenininho que não dá nem para acumular”, tese
questionada por vários tributaristas desde a época da CPMF de 0,38%.
Como a ideia do governo é tributar com a mesma
alíquota o crédito e débito, o tributo final no exemplo do ministro seria de
0,40%, ligeiramente maior que o tributo criado no governo FHC e extinto pelo
Congresso no governo Lula.
O ministro disse ainda que vai acabar com a
diferença entre o Imposto de Renda sobre pessoas físicas e jurídicas.
Afirmou
também que hoje não é mais necessário usar as deduções no IRPF para “dedurar o
dentista” que não paga imposto.
“Hoje tem muita dedução. Tira essa papelada toda,
coloca alíquota mais baixa e acabou. Você precisava que a pessoa dedurasse o
dentista. Se pagar em espécie não tem problema, a gente vai dar um jeito de
monitorar isso. Não precisamos mais disso”, afirmou.
“Vamos acabar com essa diferença de PJ para pessoa
física. Vamos passar a linha na metade.
Está cheio de advogado e jornalista
esperto que só recebe na PJ. Enquanto isso, o operário paga. Vamos acabar com
isso.”
FOLHA DE SÃO PAULO