O ÚLTIMO DOS BANQUEIROS


Avesso a aparições públicas, era o menos conhecido entre as pessoas mais poderosas do país.

Avesso a aparições públicas, o banqueiro, empresário e filantropo era o menos conhecido entre as pessoas mais poderosas do país. 

Sua retidão tinha origem em preceitos judaicos e no temperamento tímido, mas nada disso o impediu de frequentar o centro da vida da corte, no Brasil e no exterior, ao longo de mais de meio século.

Amigo de tempos ainda mais remotos, tão logo assumiu o poder, após o golpe militar de 1964, Antônio Delfim Netto fala do último remanescente de uma linhagem de banqueiros, dos quais fizeram parte Olavo Setúbal, Amador Aguiar e Walter Moreira Salles.

“Os bancos hoje são dominados por burocratas, que são dominados, eles mesmos, por algoritmos. O Zé julga olhando nos teus olhos, vendo teu passado, vendo teu projeto, e aposta em você”.

Desde 2015, era o banqueiro com a maior fortuna pessoal no mundo. 

Sob sua liderança, o Banco Safra se firmou como uma das principais instituições financeiras privadas do país —desde a década de 1960, figura entre os dez maiores bancos brasileiros.

Atravessou crises políticas e econômicas, a concentração no setor financeiro e a abertura de capital dos bancos mantendo o mesmo perfil: conservador, sob a mão forte do dono (pré-algoritmos) e obsessivamente reservado.

Agora, a despeito do seu esforço para não virar notícia, firma-se como uma lenda, ao lado de seus antepassados banqueiros e de figuras ilustres de casas como Morgan, Rockefeller e Rothschild.



FOLHA DE SÃO PAULO
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