Quando se fala em
tratamento tributário adequado a ser dado à previdência complementar fechada
não se pensa em impor perdas ao governo e muito menos se pede privilégios. Na
verdade, trata-se isto sim de corrigir desigualdades, de um lado, enquanto de
outro o que se propõe é que aquilo que eventualmente se tributará a menos para
trazer o fomento de nosso sistema seja amplamente compensado, com o Estado ao
final ganhando no lugar de perder . A colocação foi feira no 37º Congresso
Brasileiro dos Fundos de Pensão, na sessão plenária dedicada ao tema
“Emprego, Salário e Renda, Tendências das Relações de Trabalho e seus Efeitos
sobre a Previdência Complementar”, por José Roberto Afonso, economista e
pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV.
A desigualdade existe hoje
e precisa ser corrigida, mostrou Afonso. Atualmente, explicou, as regras
tributárias incentivam as grandes empresas a patrocinar planos de previdência
complementar, mas não as pequenas e mesmo muitas médias organizações. Da mesma
forma, as normas de tributação hoje permitem que contribuintes que declaram
pelo modelo completo do IR anual deduzam as contribuições vertidas para o
plano previdenciário, isto é, as pessoas de maior renda e a classe média podem
fazê-lo, mas quem declara pelo modelo simplificado e tem em geral menor renda
não pode fazer o mesmo.
Dupla injustiça - Há, portanto, uma dupla
injustiça, que afasta empresas pequenas e mesmo médias da condição de
patrocinadoras de planos, ao mesmo tempo em que um grande contingente de
brasileiros que declaram pelo modelo simplificado do IR se encontra
desestimulado de participar.
E o Estado sairia provavelmente
ganhando caso fomentasse a previdência complementar fechada através de uma
tributação adequada. Inclusive, a Abrapp já trabalha em um estudo que irá
mostrar melhor de quanto poderá ser esse ganho.
É que, aquilo que seria
eventualmente perdido em arrecadação, viria a ser compensando pelo que o
Estado deixaria de gastar, uma vez que atualmente se mostra o grande
financiador da atividade econômica a juros subsidiados e esse papel de
fomentador da economia seria em boa parte transferido para a poupança
previdenciária estável e disponível no longo prazo.
Além de que a roda da economia girando mais
rápido, estimulada por um sistema de fundos de pensão poupador, também teria
como um de seus efeitos o aumento da arrecadação de tributos.
Diário dos Fundos de Pensão