Marcada para definir a proposta dos Estados para a reforma da
Previdência, a reunião dos secretários da Fazenda, hoje, no Rio de Janeiro,
servirá também para a inevitável troca de ideias acerca de alternativas para
enfrentar a crise financeira que atinge praticamente todos os governos. Os
secretários deverão discutir o pedido de socorro ao BNDES, numa espécie de
operação cruzada para salvar o 13º salário dos servidores.
Como o BNDES não pode emprestar dinheiro para financiar
despesas de custeio, o que o Rio Grande do Sul quer é convencer o governo
federal a fazer a terceira edição do Programa Especial de Financiamento (PEF),
artifício usado em 2009 e 2011 para socorrer Estados em apuros. O dinheiro do
BNDES seria usado para pagar despesas de capital (a dívida externa tomada para
investimentos, por exemplo), desonerando o Tesouro para pagar salários e 13º.
As chances de sucesso são remotas, já que a ordem do ministro
da Fazenda, Henrique Meirelles, é apertar o cinto. A conta seria da ordem de R$
26 bilhões, com forte impacto no ajuste fiscal do governo Michel Temer, que tem
como principal pilar de sustentação o corte de despesas.
O secretário da Fazenda no RS, Giovani Feltes, acredita que a
gravidade da situação dos Estados levará o governo federal a abrir exceção em
sua rígida política de contenção, para evitar uma quebradeira generalizada, com
o consequente colapso dos serviços públicos.
A verdade é que o Rio Grande do Sul esgotou todo o estoque de
mágicas para cobrir o déficit das contas públicas. Mês a mês, as dificuldades
se aprofundam. A fatia que cabe ao Estado na repatriação dos recursos que
estavam no Exterior é irrisória diante do tamanho do rombo. O aumento do ICMS
foi engolido pela recessão, que frustrou a expectativa de receita. O
ressarcimento por investimentos realizados em estradas federais nos anos 1980
foi uma miragem: não há qualquer sinal de que o grupo de trabalho criado para
estudar o tema conclua pelo pagamento dos R$ 2 bilhões que o governo Sartori
considerava "a Olimpíada do Rio Grande do Sul".
Sem socorro federal, o Estado não tem como pagar o 13º
salário. A fórmula do parcelamento com indenização equivalente ao juro de um
empréstimo bancário esbarra na falta de fonte de receita para cobrir a despesa
em 2017.
Zero Hora + O Globo