O
descontrole nos gastos com inativos virou um pesadelo na maioria dos Estados
brasileiros, e em Santa Catarina a situação é igualmente preocupante. Quando
comparados aos da educação, os dispêndios previdenciários do Tesouro
catarinense equivalem a quase o dobro. E a distorção segue aumentando de forma
acelerada. Isso significa que, se não for detida de imediato, a situação irá se
tornar inviável no curto prazo.
A reforma
previdenciária em âmbito nacional, cuja votação final a crise política deve
empurrar para 2018, não prevê qualquer alívio para os Estados nesse aspecto. Se
o texto em análise pelo Congresso for mantido, as unidades da federação
precisarão aprovar novas regras até seis meses depois da promulgação da nova
lei. É difícil acreditar que possam ocorrer mudanças numa questão cercada
sempre por argumentos equivocados, mais emocionais do que racionais – ainda
mais num ano de disputa eleitoral. A questão é que, enquanto isso, a situação
só se agrava.
Para cada
R$ 100 gastos hoje com educação, o governo catarinense despende R$ 193,40 com
Previdência. É uma situação delicada, assim como ocorre em outros Estados, a
maioria dos quais às voltas com deformações desse tipo, conforme relatórios de
execução fiscal usados em levantamento do jornal Folha de S. Paulo.
Os
catarinenses não podem se conformar com o fato de que as despesas
previdenciárias só aumentam, enquanto as relacionadas à educação encolhem a
patamares de risco. Os inativos, que de maneira geral se aposentam cada vez
mais cedo e têm uma expectativa de vida a cada ano maior, precisam ter o seu
futuro assegurado, depois de cumpridas as exigências legais para se aposentar.
Mas só pode ser considerado grave o fato de um poder público destinar uma
parcela cada vez maior dos recursos dos contribuintes para custear o regime
próprio dos servidores, deixando áreas essenciais, como a educação, em segundo
plano.
Somadas à
dívida com a União, as despesas previdenciárias respondem hoje por boa parte do
déficit oficial do governo de Santa Catarina. O endividamento, pelo menos, já
tem uma perspectiva de acordo à vista, em torno do qual líderes regionais
precisam concentrar esforços para vê-lo aprovado. Falta equacionar a questão
previdenciária. O setor público catarinense não conseguirá evitar um apagão nos
serviços essenciais sem a definição de uma alternativa adequada para financiar
a conta dos inativos.
Diário Catarinense