Nem tudo é igual na renda fixa;
entenda por que alguns ativos podem se valorizar.
O mercado de renda fixa é composto
por diversos tipos de ativos cujos preços reagem de forma distinta diante da queda da taxa Selic.
Muitos devem estar pensando que as aplicações em renda fixa serão punidas nesse
cenário. Nem todas. Algumas reduzem a rentabilidade que oferecem ao investidor
e outras podem oferecer ganhos.
Vamos entender por quê.
Existem três tipos de taxas de juros
que remuneram as aplicações em renda fixa: pós-fixada, prefixada e índices de
inflação.
Pós-fixada
As aplicações atreladas à Selic, como poupança (70% da Selic) e Letra
Financeira do Tesouro, assim como as atreladas ao CDI, como CDB, LCI, LCA, CRI,
CRA, fundos DI e planos de previdência com essa referência, passaram a render
menos considerando que o parâmetro de referência foi reduzido. Importante notar
que não há perda, mas redução da rentabilidade.
Prefixada
Os ativos de taxa prefixada, como os títulos públicos Letra do Tesouro Nacional
e Nota do Tesouro Nacional série F, bem como títulos privados com essa
característica, são impactados positivamente, se valorizam ante a redução da
taxa de juros de longo prazo, que carrega expectativa da evolução dos juros ao
longo do tempo.
É importante notar que o parâmetro
que valoriza ou desvaloriza esses ativos é a taxa de longo prazo, e não a Selic
ou o CDI, que, embora anualizadas, se referem a transações de um único dia.
Necessário verificar que impacto a queda da Selic provocou nas taxas de longo
prazo.
Os fundos de renda fixa e os planos de
previdência de gestão ativa reúnem, em maior ou menor participação, ativos de
taxa prefixada, conforme a política de investimento das carteiras. Fundos
multimercado também investem nesse tipo de ativo.
Inflação
Os títulos atrelados a índices de inflação são corrigidos pelo IPCA acrescidos
de uma taxa prefixada de juros. É o caso da Nota do Tesouro Nacional série B e
de algumas debêntures.
O impacto no valor desses ativos é
semelhante ao dos ativos de taxa prefixada. E, como são ativos de longo prazo,
10, 20 anos, o impacto positivo se amplia perante a queda na taxa de juros de
longo prazo.
Quanto mais longo o vencimento dos
ativos, maior o impacto, positivo ou negativo.
Os fundos de renda fixa e
multimercado e os planos de previdência tendem a oferecer rentabilidade
competitiva no próximo período, superior à Selic ou ao DI, beneficiados pelo
recente movimento na Selic.
Diversificação
Para explorar as oportunidades, é recomendável diversificar. Manter boa parte
dos recursos em taxa pós-fixada, de baixíssimo risco. Não será a melhor
rentabilidade nos próximos meses, mas será sempre positiva.
Aplicações em outros ativos, que
ganham quando a taxa cai e perdem quando a taxa sobe, não são “fixas”, como o
nome sugere, são mais voláteis e fazem sentido para investidores com horizonte
de tempo mais longo, com tolerância a oscilação de preços, alocando maior ou
menor quantidade da carteira nessas posições em razão do perfil de risco e dos
objetivos de investimento.
Por que alguns fundos ganham e outros
perdem, diante do mesmo fato?
Depende de estarem ou não posicionados em ativos
de taxa prefixada, de qual percentual da carteira está alocado em qual
referência e do vencimento desses títulos. Esses ativos ganham valor quando a
taxa de juros cai e perdem quando a taxa de sobe.
Investimentos em renda fixa são bem
mais complexos do que o singelo nome sugere.
MARCIA DESSEN - FSP