Desconfiança cresce e mercado já começa a falar em
desembarque do governo Bolsonaro.
Analistas têm
precificado as dificuldades impostas pelo risco de uma deterioração do quadro
fiscal.
O risco de um
descontrole fiscal com aumento de gastos e perspectivas cada vez mais duras
para a economia no ano que vem encontraram eco em uma piora do cenário externo, e o mercado já
começa a falar em desembarque do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Para ficar em uma
figura de linguagem cara ao presidente, é como se o casamento do governo com os
investidores estivesse mais próximo do divórcio do que da lua de mel.
Não é de hoje que
os analistas têm precificado as dificuldades impostas pelo risco de uma
deterioração do quadro fiscal, com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos
precatórios, e a inflação mais alta do que se antecipava.
Também pesa a crise
política gerada pela tentativa de reeleição do presidente, que tem colocado em
descrédito o processo eleitoral e confrontado ministros do Supremo Tribunal
Federal.
As preocupações dos investidores já se refletem
na Bolsa de Valores brasileira e na cotação do dólar.
Nos mercados de renda variável, o Ibovespa, principal índice
acionário do país, que até a última sexta-feira (13) acumulava um ganho de
1,83%, reverteu o sinal ao longo desta semana, apesar da alta registrada nesta
quinta-feira (19).
Agora, o índice acumula uma perda de 1,56% desde o início do
ano. Só nesta semana, o Ibovespa acumula uma queda de 3,32%.
O dólar encerrou a sessão desta quinta em alta de 0,87%, a R$
5,4220. Na semana a moeda americana sobe 3,4%. No ano a alta é de 4,5%.
No exterior, parte da explicação para a piora das expectativas
em relação à retomada da economia em um cenário pós-pandemia veio de dados
fracos da China e dos Estados Unidos, desde a última segunda-feira (16).
O temor de um retrocesso econômico ganhou ainda mais força na
terça (17), quando os Estados Unidos também reportaram dados aquém das
expectativas: uma queda de 1,1% nas vendas do varejo em julho, ante a
estabilidade esperada pelo mercado.
FOLHA DE SÃO PAULO