Federação dos
bancos diz que instituições financeiras têm critérios rígidos de confidencialidade
Quando a reportagem ligou, pela manhã, para Débora Cristina Carvalho
Santos, 50, ela atendeu assustada porque já havia recebido nove ligações
naquele dia. “São 50, em média”, contou.
“Querem de qualquer jeito que eu compre e ficam indignados quando recuso
a oferta”, afirmou.
As abordagens são de operadores de telemarketing que ligam em nome de
seis bancos diferentes oferecendo empréstimos consignados, que souberam
antes dela própria o dia em que o primeiro pagamento da aposentadoria seria liberado (até mesmo o
valor exato). O empréstimo consignado é aquele que tem desconto direto na folha
de pagamento do benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
No caso de Sandra Aparecida Gonçalves, 60, os contatos começaram antes
que ela recebesse a carta de concessão da aposentadoria.
“Ligam de tudo quanto é estado, no celular e no fixo. Bloqueei todos os
números, mas não adiantou”, afirmou.
A economista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) Ione
Amorim disse que o órgão cobra uma posição mais firme do INSS há pelo menos dez
anos.
“Mas as práticas ainda acontecem intensamente e expõem o consumidor. A
situação é grave”, afirmou a economista.
Na internet, a busca por dados de aposentados é ofertada
abertamente. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que as
instituições financeiras trabalham com critérios rígidos de confidencialidade para
garantir o sigilo das informações dos clientes.
Segundo a
entidade, há atuação com autoridades policiais e órgãos de defesa do
consumidor, além das delegacias do idoso, para coibir irregularidades.
FOLHA DE SÃO PAULO