47% das mulheres já sofreu assédio sexual no trabalho; 52% são mulheres
negras.
O
levantamento realizado pelo LinkedIn e a consultoria de inovação social Think
Eva revelou que 47% das mulheres já sofreu algum assédio sexual no trabalho.
A
pesquisa online ouviu 414 profissionais em todo o país. Entre as entrevistadas,
15% pediram demissão após o assédio.
Segundo
o documento, a desigualdade social e de raça provoca uma maior suscetibilidade
a trabalhos precarizados e, por consequência, à violação de direitos.
Por
essa razão, a maioria das entrevistadas que já sofreram assédio sexual no
ambiente de trabalho são mulheres negras (52%) com remuneração entre dois e
seis salários mínimos (49%).
A maior concentração de relatos está na região
Norte (63%) e Centro-Oeste (55%).
“A
hiperssexualização do corpo da mulher é, historicamente, um símbolo das
narrativas que compõem a publicidade, filmes e novelas brasileiras.
Portanto, a
coisificação do corpo feminino faz parte do imaginário e da cultura nacional”,
diz o documento.
“Este é mais um aspecto que atinge mulheres negras de forma
particular, já que o corpo negro foi desumanizado, visto como reprodutor e
objeto sexual por séculos”.
As
mulheres que ocupam posições mais altas também sofrem com essa violência.
Entre
as profissionais ouvidas que declararam desempenhar a função de gerente, 60%
afirmaram que terem sido vítimas de assédio. No caso de diretoras, o percentual
é de 55%.
As
dificuldades para denunciar
Apenas
5% das mulheres que sofreram assédio reportaram o caso para o departamento de
RH das empresas.
O baixo índice de denúncias está relacionado ao senso de
impunidade, ineficiência de políticas internas e ao medo, além do sentimento de
culpa pelo assédio sofrido.
Infelizmente,
a sociedade não tem uma estrutura adequada que nos permita denunciar as
violências infligidas contra nós.
Há inúmeros casos de mulheres que ousaram
falar e tiveram sua credibilidade questionada.
As
entrevistadas relataram que a maior barreira para a denúncia é a impunidade:
78,4% delas acreditam que nada de fato acontecerá caso denunciem o crime dentro
das corporações em que trabalham.
O descaso com que as pessoas tratam os casos
de assédio e o medo da exposição também são obstáculos para que 64% das
mulheres não denunciem.
Já
a sensação de impotência faz com que o silêncio e a solidão sejam os resultados
mais recorrentes.
Por isso, metades das mulheres prefere dividir a situação
apenas com pessoas próximas e 15% optam pela demissão.
LINKEDIN