Nomes repetidos e do Facebook geram crítica sobre
conselho de proteção de dados.
Lista com 122
indicados passará por crivo da ANPD; cabe a Bolsonaro a escolha.
A divulgação da lista de 122
indicados ao conselho que irá compor a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) gerou
preocupação sobre conflitos de interesse no processo de escolha dos nomes que
irão monitorar o órgão, ligado à Casa Civil e cujos diretores foram nomeados
pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Seis grupos puderam indicar
representantes setoriais para participar do conselho, que é voluntário e tem as
funções de monitorar a atuação da diretoria da ANPD, discutir diretrizes para a
política nacional de proteção dados, criar relatórios e disseminar conhecimento
sobre o assunto, cuja legislação é recente no país.
José Ziebarth,
diretor de política de privacidade do Facebook, foi indicado pelo Enap (Escola
Nacional de Administração Pública), que é ligada ao Ministério da Economia,
como noticiou o The Intercept.
Já a advogada
Patrícia Peck, reconhecida na área de proteção de dados e privacidade, foi
indicada por três setores: privado, de instituições científicas e laboral, ou
seja, escolhida tanto pelo setor patronal quanto por trabalhadores.
Outros nomes
enquadrados como "sociedade civil" trabalham em renomados escritórios
de advocacia ou representam associações privadas.
A advogada
Patrícia Peck afirma que a Lei Geral de Proteção de Dados é uma regulamentação
sofisticada, atual e ampla e que "é fundamental ter uma visão técnica e
extensiva do assunto, que permita entender as peculiaridades e particularidades
de aplicação e prática em cada segmento".
Dos 122 indicados,
serão escolhidos 26 nomes. Além disso, há outras 20 indicações de Senado,
Câmara dos Deputados, Conselho Nacional do Ministério Público, Conselho
Nacional de Justiça, Comitê Gestor da Internet, Ministério da Economia, Casa
Civil, Ministério da Justiça, Ministério da Tecnologia e Gabinete de Segurança
Institucional.
Com os cinco
diretores escolhidos por Bolsonaro, sendo três deles militares, a autoridade
ficará com 51 membros. A ANPD vai enviar listas tríplices ao presidente, que
irá escolher os 26 nomes.
Procurada, a ANPD
não se manifestou.
FOLHA DE SÃO PAULO