O que a nova Selic
significa para seus investimentos? Quanto rendem R$ 1.000 agora?
O Banco Central
decidiu baixar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,5% ao
ano, nesta quarta-feira (8).
Esse corte representa uma redução no ritmo da
queda de juros, após seis cortes seguidos de 0,5 p.p.
A decisão de cortar
0,25 ponto percentual da taxa não foi unânime entre os nove membros do comitê.
Cinco votaram pela redução menor e outros quatro por um corte de 0,5 p.p. Para
as próximas reuniões, não há uma direção clara. Veja o impacto do corte na Selic
nos investimentos de renda fixa e qual será o rendimento em aplicações como
poupança, CDB e Tesouro Selic.
Qual o impacto para
seus investimentos?
Com o corte nos
juros, investimentos em renda fixa passam a render menos.
A caderneta de
poupança segue perdendo para outros investimentos, mas oferece retorno acima da
inflação e ganha de alguns CDBs e fundos.
Opções atreladas à
Selic passam a render menos. Dentre elas estão o Tesouro Selic, título público
federal que acompanha a taxa básica de juros.
Aplicações que seguem a
remuneração do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) também rendem menos,
já que o índice normalmente segue a Selic. Dentre essas aplicações estão os
CDBs e os fundos DI.
A poupança segue com
rendimento de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). A TR se manteve zerada
por muito tempo, mas agora está acima de zero, melhorando o rendimento.
Sendo
assim, o retorno da poupança está em 7,71% ao ano, conforme estimativa do buscador
de investimentos Yubb. Essa regra da poupança vale para quando a Selic está
acima de 8,5%.
Com uma taxa de juros abaixo desse patamar, a poupança rende 70%
da Selic, mais a TR.
Quanto rendem R$
1.000 com a Selic a 10,50%
Veja a seguir quanto
rendem R$ 1.000 em diferentes aplicações no período de um ano. O cálculo foi
feito com auxílio do Yubb considerando uma taxa Selic fixa em 10,50%.
O cálculo considera
taxa de 20% de Imposto de Renda nos investimentos tributados (Tesouro Selic e
CDBs). A taxa é paga nos resgates feitos entre 181 e 360 dias.
Se o resgate for
feito após um ano, o imposto é de 17,5%. Se for feito em até seis meses, a alíquota
é de 22,5%. A poupança é isenta de IR em qualquer situação.
Quanto rendem R$
1.000 em um ano, já com desconto do IR?
•
Poupança: R$ 77,1 (7,71%)
•
Tesouro Selic: R$ 83,2 (8,32%)
•
CDB: Entre R$ 62,4 e R$ 95,7, dependendo do banco (de 6,24% a 9,57%)
Quanto o investidor
poderá sacar em um ano com a Selic a 10,50%:
•
Poupança: R$ 1.077,10
•
Tesouro Selic: R$ 1.083,20
•
CDB: Entre R$ 1.062,40 e R$ 1.095,70
Qual o ganho real,
descontada a inflação?
É importante que o
investidor fique atento ao comportamento da inflação. Ela impacta no ganho real
de suas aplicações.
A expectativa de
inflação para 2024 é de 3,72%. O dado é do Boletim Focus publicado pelo Banco
Central em 3 de maio. Foi esse o dado usado ao calcular o rendimento real de
cada aplicação descontada a inflação.
Quanto rendem R$
1.000 em um ano, descontando a inflação e o imposto de renda:
•
Poupança: R$ 38,50 (3,85%)
•
Tesouro Selic: R$ 44,40 (4,44%)
•
CDB: Entre R$ 24,30 e R$ 56,40 (de 2,43% a 5,64%)
Como serão as
próximas reuniões?
Não há sinalizações
do que deve acontecer agora. Camila Abdelmalack, economista da Veedha
Investimentos, afirma que isso mostra que o colegiado mudou seu "plano de
voo" e não dá sinalizações de como vai agir nas próximas reuniões.
O
cenário afasta a possibilidade de uma taxa de juros no patamar de um dígito em
2024, afirma Abdelmalack.
O comunicado foi
'seco' e não há sinalização sobre os próximos passos. Na circunstância de
divergência de votos, a ata do Copom será lida com lupa na próxima semana.
Camila Abdelmalack,
economista da Veedha Investimentos
A decisão do BC é
consistente e conservadora.
Para Rogério Mori, economista-chefe da Davos
Investimentos e professor da FGV-SP, o corte menor está alinhado com um cenário
que se deteriorou nos últimos 45 dias, com a perspectiva de que as taxas de
juros nos Estados Unidos permaneçam altas por mais tempo e com a piora do
quadro fiscal no Brasil.
O fato de a decisão
não ter sido unânime é visto com bons olhos pelo mercado.
Isto porque demonstra
que há um debate sobre o cenário como um todo, trazendo uma discussão
equilibrada, segundo Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital.
Próximas reuniões
Como o Copom não
disse o que deve fazer na próxima reunião, o mercado espera por cautela.
Maykon
Douglas, economista da holding de investimentos Highpar, afirma que as
sinalizações e alertas sobre a inflação e a política fiscal justificam a
retirada da projeção da próxima decisão do Copom. Douglas diz que o quadro de
incerteza vai se manter.
O Copom afirmou que
vai tomar decisão de acordo com a trajetória da inflação. Para José Marcio
Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, a afirmação é importante.
Um ponto importante
é o fato de que o Copom avaliar que as decisões futuras serão ditada pela firme
convergência da inflação para a meta, sem nenhuma menção de qual será a decisão
do futuro.
As próximas decisões vão depender da trajetoria da inflação em direção
à meta.
UOL Economia - José
Marcio Camargo, da Genial Investimentos
UOL Economia