O experimento na Espanha para reduzir jornadas de
trabalho a 4 dias por semana.
Projeto
é financiado pelo governo, que vai direcionar cerca de 50 milhões de euros às
empresas participantes.
Trabalhar menos ganhando a mesma coisa. Fins de
semana de três dias.
A Espanha busca voluntários em centenas de empresas
para um experimento que pode jogar luz sobre como será o futuro das relações de trabalho —especialmente após a pandemia de covid-19.
A proposta, feita pelo partido de esquerda Más
País, é testar em pequena escala o que ocorre com a produtividade das empresas quando seus funcionários trabalham apenas 32
horas por semana, em vez das 40 horas habituais.
Isso significa uma redução de cinco para quatro os
dias em que a equipe de fato trabalha —sem haver, contudo, uma diminuição
proporcional do salário.
"O fato de que essa ideia seja desenvolvida
como um experimento piloto já é algo positivo. Esse é o padrão-ouro para
avaliar o sucesso de políticas públicas", explica Carlos Victoria, economista e
pesquisador do Centro de Políticas Econômicas da Esade, escola de negócios com
sede na Espanha.
À primeira vista, poderia-se supor que o
funcionário que trabalha menos horas vai produzir menos pelo simples fato de que
sua jornada fica mais curta.
Experiências anteriores, contudo, apontaram que,
após um período de transição, o bem-estar dos trabalhadores aumenta e tem
início uma cadeia de efeitos positivos com reflexos sobre a produtividade, diz Victoria.
"O que está acontecendo nas empresas que
já tentaram reduzir a jornada de trabalho é que isso se torna um mecanismo de atração
de talentos.
Os trabalhadores preferem ir para empresas com melhores condições
para trabalhar", diz Héctor Tejero, coordenador do projeto Más País,
enumerando outro dos efeitos secundários observados.
Entre as empresas que já estão testando a semana de
4 dias está a DELSOL software,que reportou uma queda de 30% no absenteísmo
involuntário no primeiro mês, na comparação com igual período do ano anterior.
EXPERIMENTO SUBSIDIADO
Inicialmente, o governo espanhol vai financiar o
projeto-piloto em curso no país, subsidiando o custo das empresas com a redução
da jornada semanal.
O valor aprovado é de € 50 milhões (cerca de R$ 325
milhões), que serão distribuídos entre um grupo que deve contar com algo entre
200 e 400 empresas por um período de até três anos.
"Recebemos propostas ainda antes de
divulgarmos o projeto", diz Tejero.
O interesse despertado não é pequeno.
O projeto, entretanto, levará algum tempo até que
seja implantado nos diferentes setores.
"Tem que ser algo gradativo, que ande de mãos
dadas com as empresas e outros agentes sociais", diz Tejero.
FOLHA DE SÃO PAULO