80% das famílias de classe média tiveram alguma
queda na renda.
Pandemia fez quem
ganha acima de cinco salários mínimos ter de rever despesas.
Oito em cada dez
famílias em que o rendimento mensal com o trabalho fica
acima de cinco salários mínimos perderam renda no quarto trimestre de 2020 ante
igual período do ano anterior, e em termos reais, já considerada a inflação.
A maior parte
desses domicílios de maior renda perdeu entre 20% e 50% do que costumava ganhar
por mês, sendo que 7% dessas famílias perderam tudo o que habitualmente
recebiam –ou seja, quem trabalhava naquela família ficou sem trabalho.
Os dados são da
Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, compilados pela
consultoria IDados.
Domicílios com rendimento mensal acima de cinco salários
(ou a partir de R$ 5.225, pelo valor do ano passado) são considerados das classes média, média-alta e alta.
A pesquisa, feita desde 2012 pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), permite acompanhar um
domicílio por até cinco trimestres.
Com a pandemia, parte dessa amostragem foi
prejudicada, pois os levantamentos deixaram de ser feitos presencialmente.
Os dados mais recentes da Pnad Contínua apontam
que o desemprego no país era de 14,2% no trimestre que vai de novembro até
janeiro, o equivalente a 14,3 milhões de pessoas na fila por um trabalho.
Outro levantamento,
feito também a partir da Pnad Contínua, mas pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), mostra que os domicílios mais ricos sofreram a maior redução
proporcional na renda vinda do trabalho.
Entre a classe média e a classe alta,
as perdas reais foram de 1,55% a 7,44% do rendimento no quarto trimestre,
respectivamente.
O Ipea também
apontou que as famílias mais afetadas pela inflação em março foram as de classe
média e de média-alta.
A variação de preços para esses grupos passou de 0,98% e
0,97% em fevereiro, respectivamente, para 1,09% e 1,08%, sobretudo devido ao
aumento dos combustíveis.
Parte das perdas de
recursos que vêm do trabalho se deu também por reflexo dos programas de redução
de jornada e suspensão de contrato, que, se por um lado serviram para preservar
empregos, por outro afetaram o bolso dos trabalhadores.
FOLHA DE SÃO PAULO