A reforma da Previdência vai
chegar intacta até a discussão de seu conteúdo, que em tese começa em 7 de
maio, em comissão da Câmara. Foi aprovada na Comissão de Constituição e
Justiça, primeiro obstáculo da corrida, com modificações irrelevantes no que
diz respeito ao seu teor econômico e social.
A tramitação da
emenda não foi prejudicada pelos escândalos intestinos do governismo, como o
ataque do bolsonarismo puro contra Hamilton Mourão e, por tabela, a quem quer
que pretenda desfazer a ideia de que o governo seja uma máquina de propaganda e
combate feroz do “sistema” ou de “ideólogos”. Ou seja, contra qualquer
dissidente ou recalcitrante que se meta no caminho da revolução
moral-ideológica. Apesar do desgaste extra que causa na imagem do Planalto, se
isso ainda é possível, a turumbamba está limitada à cozinha do governismo —por
ora.
O que houve?
Primeiro, Rodrigo
Maia, presidente da Câmara, voltou a trabalhar intensamente pela reforma, que é
também um projeto político seu e um acordo com a elite econômica.
Segundo, o governo
promete um varejão de acordos, baseado em um plano de liberação de dinheiro
extra para emendas ao Orçamento e de participação de deputados nas definições
de convênios entre União e estados ou cidades. Em suma, o governo federal
divide com os parlamentares a autoria das obras.
Terceiro, o
governo deixou de bobagem excessiva e abriu mão de uns jabutis que
vieram no pacote da reforma previdenciária. Como é óbvio para qualquer um que
passou do jardim da infância parlamentar, o Congresso sempre mexe em projetos,
a cada estágio de tramitação, nem que seja “para constar”, para não parecer
pau-mandado do Executivo.
FOLHA DE SÃO PAULO