Desemprego, envelhecimento e custo de vida: por que mais brasileiros
estão morando com idosos?
Levantamento feito pela FGV Social,
com dados da Pnad Contínua Anual, mostra que, entre 2012 e 2022, essa
participação aumentou em todos os Estados da Federação. “Hoje vemos famílias de
várias gerações coabitando a mesma residência”, diz o diretor da FGV Social,
Marcelo Neri.
Segundo ele, apesar de a classe
C representar o maior percentual de pessoas morando com idosos (25,04%), foi a
classe AB que teve maior aumento na participação.
Subiu de 20,32%, em 2012,
para 24,97%, no ano passado. O movimento é explicado por uma série de fatores,
como o elevado desemprego dos jovens nos últimos anos, o envelhecimento da
população e também o aumento do custo de vida.
“Quando um país cresce, os
filhos tendem a ser mais ‘ricos’ que os pais. Mas o Brasil não cresce (de forma
consistente) há algum tempo”, diz Neri.
De 2012 até 2022, a economia brasileira
viveu períodos de baixo crescimento e até recuo do Produto Interno Bruto (PIB),
como ocorreu em 2015 e 2016 (além de 2020 por causa da pandemia).
Desigualdade intergeracional
O que se sabe é que o Brasil é
um país que aloca um volume maior de recursos para a população mais velha do
que para os mais jovens.
O País gasta mais do que o Japão, país mais longevo do
mundo. Segundo dados da FGV Social, enquanto a nação asiática gasta 10% do PIB
com previdência, no Brasil, esse número já está em 13%.
O problema é que, por aqui, o
envelhecimento está no começo da curva.
Apenas 10,5% da população têm 65 anos
ou mais (eram 7,7% em 2012). Portanto, a tendência é que os gastos aumentem
ainda mais nos próximos anos diante da expectativa de envelhecimento da
população brasileira.
“A gente sabe que há uma
desigualdade intergeracional na transferência de recursos públicos no Brasil”,
afirma Laura. “Espero que seja uma decisão consciente e que esteja fazendo
sentido de alguma forma.”
O ESTADO DE SÃO PAULO