Situação financeira piorou na pandemia para quase
metade dos brasileiros, mostra Datafolha.
Entre
os mais pobres, 54% afirmam que condição se deteriorou no período.
Com a crise sanitária, o aumento do desemprego e a corrosão da
renda, 45,6% dos brasileiros dizem que a situação financeira ficou mais difícil
durante a pandemia do novo coronavírus, segundo pesquisa Datafolha.
Apenas 12,6% dos entrevistados dizem ter sentido uma melhora em
sua condição.
Outros 41,7% afirmam que a situação ficou como estava antes da
chegada do vírus, segundo o levantamento, realizado nos dias 7 e 8 de julho.
A crise de saúde ressaltou a desigualdade de renda.
Entre os
mais pobres, aqueles com renda familiar de até dois salários mínimos (ou R$
2.200, em valores de 2021), 54% relatam que a situação financeira se
deteriorou.
Entre quem ganha de dois a cinco salários mínimos, 37%
compartilham dessa percepção. No grupo com renda entre de cinco a dez salários
mínimos, esse percentual cai ainda mais (25%).
Para quem ganha acima de dez
salários mínimos, 22% dizem que sua situação piorou.
A debacle financeira ao ter de enfrentar o vírus
também foi maior para brasileiros de cor amarela (56%), preta (51%) e parda
(46%) do que branca (42%).
Para 59% das famílias mais ricas, aliás, a vida
ficou como estava, apesar dos desafios impostos pela pandemia. Para 19% deles,
a situação até melhorou.
Um estudo recente, do banco Credit Suisse, aponta que o 1% no topo da pirâmide brasileira já concentra metade
da renda, sendo que a distribuição piorou com a chegada da Covid-19
ao país.
Segundo edição recente do boletim Desigualdade nas Metrópoles,
o coronavírus empurrou mais de 4,3 milhões de moradores das regiões
metropolitanas para a faixa de renda do trabalho classificada como muito baixa,
com renda por pessoa de até um quarto do salário mínimo.
As taxas recordes de desocupação que o país enfrenta nos últimos meses também
pesaram sobre a percepção dos brasileiros.
Entre fevereiro e abril, a taxa bateu em 14,7%, e o número de desempregados
totalizou 14,8 milhões.
Os dados integram a Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
O Datafolha também apontou que 39% disseram ter recebido o
auxílio emergencial no ano passado.
Entre os que receberam o benefício em 2020,
58% tinham sido contemplados também pela nova rodada deste ano, com valor
reduzido.
A pesquisa Datafolha ouviu 2.074 brasileiros em todo o país.
A
margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
FOLHA DE SÃO PAULO