Salários encolhem com reajustes baixos e inflação
disparada.
Ainda que a lei
proíba redução das remunerações resulta.
Os salários dos
trabalhadores brasileiros estão encolhendo neste ano.
Em abril, pelo
quarto mês seguido, mais da metade das negociações fechadas com empresas
resultaram em reajustes menores do que a inflação acumulada em um ano,
segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos), e do Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas).
Ainda que a lei
proíba a redução das remunerações, sem o aumento
real –quando o ajuste supera a inflação–, o resultado final para a vida prática
é de um salário com o qual se compra menos.
Nos acordos e
convenções de categorias com data-base em abril, o reajuste médio ficou em
5,6%.
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado em 12 meses
até março, usado como referência para essas negociações, estava em 6,9%.
De janeiro a abril, a variação real média ficou
negativa em 0,57%, segundo o Dieese.
A análise feita pelo departamento de
estudos socioeconômicos aponta ainda que metade dos reajustes resultou em
perdas iguais ou superiores a 0,18% para os trabalhadores.
Somente 12,3% das negociações fechadas no
período garantiram reajustes acima da inflação.
Quase seis em dez (58,7%) terminaram com índices
inferiores ao da inflação, ou seja, com perda no poder de compra.
As categorias que estão em negociação precisarão de reajustes de
pelo menos 7,59% para compensar o INPC acumulado em 12 meses até abril.
Em maio, o índice chegou a 8,9% —o índice apura a variação de
preços e os pesos das despesas para famílias com renda entre um e cinco
salários mínimos, e é o mais usado nas negociações de reajuste.
A inflação oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo), ficou em 8,06% no mesmo período.
FOLHA DE SÃO PAULO