Arcabouço fiscal vai fracassar
se não houver corte de gastos, diz Schwartsman.
Economista
diz que medidas para aumentar arrecadação são troco do ajuste nas contas
públicas e defende reformas
O
pacote de medidas do governo para aumentar a arrecadação está superestimado e
não garante o cumprimento das metas previstas no arcabouço fiscal, o limite de
gastos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A
avaliação é do economista e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central Alexandre Schwartsman.
Para
ele, as medidas que aumentam os impostos sobre os mais ricos são meritórias,
mas representam apenas uma fração do que o governo quer arrecadar para zerar o
rombo nas contas públicas a partir de 2024.
Em
entrevista à Folha, Schwartsman afirma que o Brasil tem muito
espaço para cortar gastos sem comprometer os programas sociais e os serviços
públicos.
Ele
também critica a tentativa do governo de rever regras contábeis para colocar em
dia o pagamento de precatórios.
Para ele, seria melhor colocar essa conta em
dia, mesmo furando o arcabouço fiscal logo no primeiro ano.
"O tal do
arcabouço vai ser furado logo no primeiro ano."
"É
claro que tem espaço para cortar, mas não é fácil. Não adianta vir com uma
regrinha e falar, não passará.
Cedo ou tarde, a despesa vai bater no teto, seja
um teto fixo, seja um teto móvel.
E o que você vai fazer? Você vai mexer no
teto, não na despesa", diz.
FOLHA DE SÃO PAULO