Na ponta empresarial,
foram alcançados pela operação os empresários Joesley e Wesley Batista, do
grupo J&F, maior produtor de proteína animal do mundo, e o indefectível Léo
Pinheiro, da empreiteira OAS, já conhecido da movimentada crônica da Lava-Jato.
Acaba inclusive de ser preso mais uma vez.
Dirigentes na ativa e
ex-diretores de fundos foram presos. São 40 os investigados. Apenas em dez
casos analisados, estimam-se R$ 8 bilhões em fraudes, para desvios do dinheiro.
Nos fundos, teria restado um buraco de R$ 50 bilhões. O lado perverso do golpe
é que os lesados estão no universo de 1,3 milhão de funcionários das estatais.
E também os contribuintes, porque o Tesouro arcará com parte das perdas. Para
tapar esses buracos, nem todos abertos pela corrupção, filiados a alguns fundos
já são obrigados a dar uma contribuição adicional.
Desfechada a partir de
mandados do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília,
a operação trata, na verdade, de uma grande conexão com a Lava-Jato. Por isso,
foram feitas buscas na casa de José Vaccari Neto, tesoureiro do PT ainda preso
em Curitiba. E caiu na malha o Léo Pinheiro. O esquema lulopetista que saqueou
a Petrobras não se esqueceu da Petros, é claro. Vaccari era visitante frequente
de sedes de fundos. Esse escândalo era previsto desde que, com a chegada de
Lula ao poder, em 2003, o braço sindical do PT, a CUT, ampliou seu espaço na
gestão dos maiores fundos de pensão de estatais.
Assim como as próprias
estatais, os fundos foram colocados a serviço de negócios mirabolantes emanados
do Planalto. O mais emblemático e causa de perdas bilionárias é a Sete Brasil,
do projeto megalomaníaco, nacional-estatista, de construção de sondas para o
pré-sal a serem alugadas à Petrobras.
Também com a contribuição
do que foi apurado na CPI dos Fundos, a Greenfield vasculha operações danosas
aos segurados feitas no investimento em projetos de empresas companheiras, de
forma superfaturada, a fim de desviar dinheiro das instituições. Esses negócios
costumam se realizados por meio da aquisição de cotas de fundos de
investimentos em participações (FIP). Foi assim que os irmãos Joesley e Wesley
capturaram recursos da Funcef e da Petros para suas empresas Florestal e Eldorado.
Com prejuízo para funcionários da Caixa e da Petrobras.
A presença dos dois no
escândalo chama atenção para a ajuda do Planalto a empresas "campeãs
nacionais", como frigoríficos da J&F, amamentadas no BNDES com
dinheiro público. Empresas tratadas como companheiras em Brasília, pelos
polpudos aportes a campanhas. A Greenfield tem potencial para rivalizar em
importância com a própria Lava-Jato.
( O Globo )