BOLSA e JUROS


Bolsa cai mais de 2% e fecha no menor patamar em 8 meses após reação de Lula aos juros

Ibovespa começou esta quinta em alta, mas logo inverteu trajetória após críticas do presidente ao BC.

A Bolsa brasileira encerrou esta quinta-feira (23) no menor patamar desde julho de 2022, com o mercado revisando suas projeções para os juros após o Banco Central (BC) não abrir caminho para um corte da taxa, como se esperava. 

Apesar de ter começado o dia em alta, a tendência se inverteu e clima piorou com as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à autoridade monetária.

Na quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária) divulgou a manutenção da Selic em 13,75% ao ano. 

A decisão já era esperada pelo mercado, mas a postura dura do comunicado, ressaltando inclusive a possibilidade de voltar a subir os juros, caso as condições econômicas se deteriorem, surpreendeu analistas.

A atuação do BC vem sendo alvo de ataques do governo Lula, que pressiona por uma redução da Selic. 

Após a decisão desta quarta, o presidente voltou à carga e disse nesta quinta-feira que a "história julgará" as decisões da autoridade monetária.

"Como presidente da República não posso ficar criticando cada relatório do Copom. Eles que paguem o preço do que estão fazendo. A história julgará cada um de nós", disse Lula.

O presidente defendeu ainda que o Senado adote medidas para que o presidente do BC, Roberto Campos Neto —a quem Lula já chamou de "esse cidadão"—, se preocupe com o emprego e a renda no país.

"Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo, nem pelo presidente. Ele foi indicado pelo Senado. 

Se esse cidadão quiser, ele não precisa nem conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas também do emprego, inflação e da renda do povo."

Questionado se Campos Neto estava cumprindo esse papel, Lula respondeu: "Não está fazendo. Todo mundo sabe que ele não está fazendo. Se estivesse fazendo, não estava reclamando. Eu sou bobo de reclamar?"



FOLHA DE SÃO PAULO
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