São dois
momentos. No primeiro, em 8 de agosto último, através da Instrução nº 31,
a Previc determinou às entidades que passassem a lhes enviar por meio de
arquivos XML informações de todos os fundos através dos quais investem, de
qualquer tipo e inclusive aqueles de menor valor e mesmo os que recebem
alocações vindas de outros fundos antes deles. No segundo momento, por meio da
Instrução nº 34, anunciada na última sexta-feira (18), a autarquia prorrogou
para 15 de março de 2017 o prazo para a remessa dos dados via XML, com isso
dando tempo para que se busque um modus operandi que evite a sobrecarga de
trabalho que levou a Abrapp a pleitear o adiamento da entrada em vigor do
dispositivo.
A integra
da nova IN está em Instrução Previc nº 34, de 4 de novembro de 2016 . Ao
torná-la pública, a Previc disse ter “considerado as dificuldades
operacionais para o envio e recepção dos arquivos solicitados”. De fato,
através de carta e, dias mais tarde em um encontro em Brasília, em outubro, o
Presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto, já havia alertado para essa
sobrecarga de trabalho proveniente do envio de uma massa de arquivos XML. Ele
também chamou a atenção para outra dificuldade decorrente de a maioria
dos ativos investidos pelos FIPs não possuírem código ISIN, o que faz com que as EFPCs
precisem passar a enfrentar a rotina de frequentes contatos com a
BM&FBovespa para superar o problema. Ao mesmo tempo em que, foi lembrado,
os FIDCs, pela natureza do produto, não trabalham com arquivos na versão XML.
De toda
forma, a Previc ressalta que a prorrogação agora concedida
refere-se somente aos fundos mencionados na Instrução Previc nº 34/2016, permanecendo
a obrigatoriedade de envio, via Sicadi, dos arquivos XML, na versão 4.0, dos
demais tipos de fundos de investimento e carteira própria.
Resultado
de diálogo - A prorrogação do prazo é mais uma evidente demonstração de que o
diálogo rende frutos, se travado a partir de argumentos técnicos e experiências
de fácil comprovação, numa interlocução onde os dois lados se mostram capazes
de argumentar e de ouvir. Por isso mesmo, é preciso reconhecer a sensibilidade
mais uma vez demonstrada pela Previc e agradecer.
Assim,
levar a entrada em vigor da nova exigência para março de 2017 foi um inegável
avanço, porque se ganha tempo para buscar uma alternativa melhor que o
dispositivo tentado antes.
Agora, é
preciso aproveitar o tempo para se avançar além disso, encontrando um modo, diz
o Diretor da Abrapp, Guilherme Velloso Leão, de se ampliar o volume de
informações conforme parece desejar a Previc, mas sem sobrecarregar demais as
entidades, inclusive criando-lhes ônus num momento em que o que mais se pede é
desoneração.
Para
Guilherme Leão, é perfeitamente natural que se busque essa maior abertura dos
números, até mesmo para se poder garantir, não importa que o investimento
inicial de uma entidade em um fundo se estenda a vários outros, que todas essas
alocações como se fossem vasos comunicantes se alinhem fielmente à políticas de
investimento aprovadas pelos órgãos de governança. Mas é fundamental que isso
seja feito sem o sacrifício de quem já trabalha no limite do custeio, nota
Guilherme Leão.
Essa é
também a visão de um outro diretor, Luiz Paulo Brasizza, no entender de quem
“as entidades, querendo mais que nunca serem desoneradas, estão outra vez
diante do risco de serem oneradas”.
Brasizza
relata não serem poucas as entidades que se sentiam pressionadas por
consultorias de investimento a pagarem mais pelos serviços que lhes são
prestados.
Mercado deve garantir - Brasizza e Guilherme Leão
acreditam que a solução deve ser buscada no governo e no próprio mercado. Para
o primeiro, um canal direto entre a Previc e a CVM provavelmente resolveria o
problema. Já no entender do segundo, seria suficiente termos um mercado mais
maduro, com regras de compliance mais rígidas e, desse modo, capaz de assegurar
que um produto como um fundo, constituído obedecendo às regras e detentor de
selos, seja o que de fato diz que é.”
Diário dos Fundos de Pensão