Como é a vida na cidade onde gasolina já custa R$
8.
Bagé,
no Rio Grande do Sul, tem menor movimento de carros e maior procura por motos e
bicicletas.
O movimento de carros está menor nas ruas, nos
postos de combustíveis e nos estacionamentos das cidades do extremo Sul do
Brasil. Segundo os moradores, a principal razão é o custo do combustível —que não para de subir.
De acordo com um estudo do Ibre/FGV, a inflação do
motorista brasileiro chegou a 18,46% no acumulado de 12 meses até outubro.
Em
Bagé, a 378 quilômetros de Porto Alegre, o litro da gasolina comum encostou nos R$ 8,00.
Trata-se do preço mais caro segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP), que entre 31 de outubro a 6 de novembro consultou
4.733 postos de Norte ao Sul do país.
No começo de 2021, o litro da gasolina comum tinha
um valor médio de R$ 5,54 em Bagé. De lá pra cá, aumentou R$ 2,46.
A escalada
chegou a motivar a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na
Câmara de Vereadores para apurar o motivo dos preços elevados, ainda sem
definição.
POR QUE TÃO CARO EM BAGÉ?
A pergunta não tem uma resposta única, de acordo
com João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro (Sindicato dos Postos de
Combustíveis do RS).
A explicação mais ouvida é a de que o município fica
longe da principal refinaria gaúcha, a Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas
—cerca de 400 quilômetros de distância.
Isso cria um custo logístico mais
elevado. Ocorre que existem cidades ainda mais longínquas da Refap, e nem por
isso o preço da gasolina é mais caro do que em Bagé. Aqui entram as outras
respostas.
Bagé, por exemplo, não se caracteriza como um
grande centro consumidor de combustível, como é a região metropolitana de Porto
Alegre.
"Em grandes centros urbanos, o posto pode ganhar na venda em
escala. Mas em cidades menores é difícil ter venda nova, o que resulta em um
repasse maior ao consumidor", explica Dal'Aqua.
Além disso, postos menores geralmente têm menor
poder de barganha com as distribuidoras. Também é preciso considerar que cada
revendedor adota uma estratégia mercadológica ao colocar o preço na bomba.
BBC NEWS