Para
um setor conhecido como previdência fechada, os fundos de
pensão nunca foram tão abertos.
Pressionadas
pelo envelhecimento da população , por mudanças no mercado de
trabalho e pela necessidade de diluir seus custos diante de juros tão
baixos, muitas entidades iniciaram este ano flexibilização inédita em
suas regras de adesão , passando a permitir a entrada dos familiares
de seus participantes.
Segundo
a Previc, que regula os fundos, já são 14 planos de previdência do tipo e
outros seis prontos para sair.
As
fundações acreditam que, por serem sem fins lucrativos, são capazes de cobrar
taxas competitivas.
Além disso, apostam no retrospecto de rentabilidade — de
2005 a junho deste ano, o setor acumula ganho de 466%, contra 368% da taxa de
referência CDI.
O potencial
de crescimento é grande, porque as entidades estão liberando a adesão de
pessoas até o terceiro ou mesmo quarto grau de parentesco.
A modalidade já foi
anunciada por alguns dos maiores fundos do país, como Previ (Banco do Brasil),
Valia (Vale) e Real Grandeza (Furnas).
A Petros (Petrobras), segundo maior
fundo do país, realiza estudos para lançar o seu no segundo semestre de 2020.
Funcef (Caixa) e Fapes (BNDES) também avaliam projetos de planos familiares.
Para
conquistar os novos clientes, os fundos estão tendo que fazer algo inédito para
eles: vender os seus produtos, já que a adesão não virá de forma natural como
nos planos patrocinados.
A
fundação dos funcionários da Companhia Paranaense de Energia (Copel), por
exemplo, reorientou a lógica de remuneração de toda a equipe, passando a
baseá-la em metas de venda do novo plano.
— Antes, pescávamos em um aquário
sabendo onde estavam os peixes. Agora, estamos em mar aberto — comparou Edjair
Alves, diretor-presidente da Sebrae Previdência, cujo plano familiar já atraiu
1.267 participantes e R$ 11,3 milhões em oito meses.
A
Funcesp (das empresas de energia do estado de São Paulo), que lançou seu
Familinvest em maio, contratou um gerente comercial que tem entre suas funções
vender o plano.
Além disso, passou a realizar pesquisas com grupos focais, algo
inédito no setor, para entender a cabeça de quem está dentro ou fora do plano.
A
Fundação Copel foi uma das pioneiras em planos familiares, lançando o seu no
fim de 2017. Desde então, obteve a adesão de 3.700 novos participantes —
equivalente a quase metade dos participantes ativos do plano tradicional.
Um
dos vetores dessa captação foi o aplicativo PrevCash, espécie de programa de
milhagem que transforma em aportes no plano familiar um percentual de valores
gastos em uma rede de 300 lojistas parceiros. Lançado em agosto de 2018, o
programa já acumulou R$ 116 mil em aportes ao plano.
O
app é peça-chave da estratégia da entidade para chegar a dez mil pessoas no
novo plano.
Ela já instituiu também que 3% dos prêmios do seguro de vida da
Copel e da fundação são destinados ao plano familiar por meio do PrevCash e
está fechando parceria com uma administradora de cartões de vale-alimentação
para integrá-los à plataforma.
O GLOBO