A atitude
de uma pessoa em relação ao envelhecimento tem implicações amplas. Becca Levy,
professora de epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública da Universidade Yale
(EUA), é fascinada pelo poder dos estereótipos sobre idade há décadas.
Ela
começou seu trabalho nos anos 90 com um palpite: se os idosos são respeitados
na sociedade, talvez isso melhore sua autoimagem.
“Isso
pode, por sua vez, influenciar sua fisiologia e influenciar sua saúde”, diz
Becca.
Nas
últimas duas décadas e meia, a professora e pesquisadores que estudaram o
assunto descobriram exatamente isso: pessoas com visões positivas sobre a
velhice vivem mais e envelhecem melhor.
São
menos propensas a ficar deprimidas ou ansiosas; demonstram maior bem-estar e se
recuperam mais rapidamente de doenças. São menos propensas a desenvolver
demência e características da doença de Alzheimer.
Em
um estudo, Becca descobriu que americanos com visões mais positivas sobre o
envelhecimento, que foram acompanhados ao longo de décadas, viveram 7,5 anos a
mais do que os com visões negativas.
Estudos
na Alemanha e na Austrália encontraram resultados semelhantes.
A pesquisa
e análise da Orb revelaram que esses efeitos também podem ser vistos entre
culturas diferentes. As pessoas mais velhas em países com altos níveis de
respeito aos idosos relatam melhor bem-estar mental e físico, de acordo com
dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, das Nações
Unidas e outros.
Esses
países também possuem menores taxas de pobreza entre a população com mais de 50
anos em comparação com jovens do mesmo país.
Parece
simples demais: como uma atitude melhor em relação à velhice ajuda alguém a
viver mais?
Becca
descobriu que pessoas com estereótipos negativos sobre idade têm níveis mais
altos de estresse, que prejudica a saúde. Aqueles que esperam uma vida melhor
na velhice também são mais propensos a se exercitar, comer bem e ir ao médico,
diz Becca.
Deveríamos
estar gratos por nos preocuparmos em envelhecer, diz Marília Viana Berzins. Ela
trabalha com idosos no Brasil há 20 anos e fundou a organização não
governamental Observatório da Longevidade e Envelhecimento Humano.
“A velhice
é a maior conquista da humanidade no século passado”, diz ela.
Segundo
Marília, “quando a velhice for vista apenas como uma fase da vida, vamos
melhorar, e os idosos serão tratados com mais respeito"
FOLHA DE SÃO PAULO