A
Previdência precisa não apenas ser sustentável financeiramente, mas a cobertura
e os benefícios também precisam ser eficientes em cumprir seu papel.
A
avaliação é do chileno Alberto Arenas de Mesa, doutor em economia e ex-ministro
da Fazenda do Chile. Arenas falou hoje (14) na Câmara dos Deputados sobre a
situação de seu país após a reforma da Previdência feita em 1981 pelo
ex-ditador Augusto Pinochet.
Especialistas
estrangeiros foram convidados para participar do Seminário Internacional sobre
Reforma da Previdência, promovido pela comissão especial criada para debater a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016.
O sistema
implantado no Chile, na ocasião, foi o de contas individuais geridas por
administradoras privadas. Na prática, cada trabalhador cuidava da sua
Previdência e tinha direito, na aposentadoria, ao que conseguisse poupar.
Segundo Arenas, 25 anos após o início, o modelo apresentava problemas.
“O
sistema de capitalização individual, por si, não é suficiente para enfrentar as
demandas cidadãs, especialmente dos setores de rendimentos médios e baixos, que
requerem uma ação de Estado. Estava com problemas sérios de oferecer cobertura
para mulheres, jovens e trabalhadores autônomos de baixos rendimentos”, afirmou
o economista.
Ele
explicou que, a partir de 2008, o Chile buscou “ir contra a corrente” e
construir um sistema “mais solidário”.
As
mudanças adotadas na reforma daquele ano incluíram, por exemplo, o aumento da
cobertura previdenciária para grupos vulneráveis e o aperfeiçoamento do sistema
de contas individuais, além da criação de um Fundo de Reservas de Pensões.
Política pública
O
professor Ari Kaplan, da faculdade de Direito da Universidade de Toronto, no
Canadá, disse que em seu país há uma grande preocupação com a situação
financeira dos idosos.
“Nós
temos o cuidado de saúde universal [mantido com fundos públicos]. Nós sabemos
que, quanto mais velhas as pessoas, maior é o gasto com saúde. Por isso é um
problema de política pública. No Canadá, não é possível separar saúde e
aposentadoria”, afirmou.
Kaplan
explicou que o sistema de aposentadorias no Canadá oferece três alternativas.
Uma delas, universal e obrigatória, é o Canada Pensions Plan (CPP), ou Plano de
Pensões do Canadá, em tradução livre.
Criado em
1965, o programa abrange todos os cidadãos, não importa se trabalham no setor
público ou privado ou se são empregados ou autônomos.
Nesse
sistema, o trabalhador contribui e pode se aposentar a partir dos 60 anos, mas
ganha mais se esperar até os 65 anos.
Há ainda
um fundo para pessoas mais vulneráveis e o Workplace Pension System (Sistema de
Pensões do Local de Trabalho, em tradução livre).
“Trata-se
de encorajar os sindicatos e empregados a criar um fundo de pensão, onde o
empregador e o empregado contribuem, com uma pensão maior para suplementar a do
sistema obrigatório”, afirmou Kaplan.
Ainda
segundo ele, a população acima de 55 anos deve dobrar nos próximos 20 anos no
Canadá. “Nós precisamos lidar com isso, os mais jovens não estão economizando
para a aposentadoria”, afirmou.
Além do seminário, a comissão especial para análise da
PEC 287 está realizando semanalmente audiências temáticas para discutir a
reforma da Previdência.
EXAME