Sociedade tem que discutir se plano de saúde
tem que dar tudo a todos, diz diretor da ANS
Prestes a deixar a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o
diretor-presidente Leandro Fonseca da Silva, 45, afirma ser favorável à
proposta das operadoras de saúde de mudanças nas regras do setor que permitam a entrada no
mercado de produtos com diferentes formatos e menor preço.
“A população quer plano de saúde, a oferta de planos ambulatoriais quase
não existe, seria uma segmentação mais barata”, afirma ele, que encerra o
mandato neste sábado (21). Na agência desde 2010, ocupava a presidência
interinamente desde 2017 e, no início deste ano, foi efetivado.
Mas não existe o risco de que planos com menor cobertura, sem a oferta
de hospitais, por exemplo, empurrem esse usuário para o SUS quando houver
necessidade de tratamento mais complexo, ou de que aumente a judicialização?
“Tem que ficar claro para o contratante o que ele está
comprando, qual o limite de cobertura. A sociedade precisa discutir o conceito
da integralidade da assistência no público e no privado.
É tudo para todo
mundo? O setor privado tem que dar integralidade? Qual é o limite?”, questiona.
Outro tema que o diretor-presidente da ANS se orgulha de ter pautado foi
uma maior aproximação da agência com as empresas contratantes de planos de
saúde, no intuito de incentivá-las a adotar programas de promoção de saúde e prevenção de doenças
e, assim, reduzir custos com planos de saúde.
Hoje, dois terços dos planos no
país são coletivos empresariais.
“O Brasil ainda está com dificuldade econômica para retomar crescimento.
Ter trabalhadores ativos, reduzir o absenteísmo é fundamental. E o setor da
saúde suplementar pode contribuir.
Ter essas empresas engajadas em fazer uma
gestão de saúde populacional em parceria com as operadoras pode ajudar muito na
mudança do modelo assistencial.”
Por outro lado, um tema que pouco avançou na agenda da ANS foi a
discussão sobre desperdícios no setor suplementar.
Um estudo
do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) mostrou que procedimentos
desnecessários e fraudes corresponderam a quase R$ 28 bilhões dos gastos das
operadoras de planos de saúde do país em 2017, ou 19% das despesas
assistenciais.
“Falta uma reorganização
dessa oferta de serviços, que hoje é muito fragmentada. Muitas vezes o
beneficiário caminha sozinho na rede e fica perdido.
Ele faz consulta num
lugar, vai para outro especialista, ouve um terceiro, faz um exame num lugar,
faz procedimento em outro.
Existe uma série de ineficiências no setor de saúde
que poderiam ser evitadas se houvesse uma centralidade de informações
FOLHA DE SÃO PAULO