A Selic e o novo momento da previdência complementar.
Um
aspecto pouco considerado quando se analisa a realidade dos mercados
internacionais e seus reflexos no Brasil é o impacto de taxas de juros
reais muito baixas sobre os sistemas previdenciários que possuem um componente
de capitalização.
Trata-se de um desafio em geral pouco destacado no
noticiário, o economista Fábio Giambiagi.
É claro, continua o economista, que "a queda dos juros estão tendo impacto enorme sobre a
rentabilidade das aplicações dos fundos previdenciários".
E
mais: "Se um plano de “Benefício Definido” foi montado com base nos
parâmetros que ficaram para trás, ele deve estar tendo prejuízos contábeis, que
em algum momento vão demandar algum equacionamento.
Já se o plano for de
“Contribuição Definida”, o ajuste é imediato e a aposentadoria que se achava
que seria X, automaticamente, com a menor rentabilidade, é ajustada para Y,
sendo Y menor do que X".
Tal dificuldade está na origem dos
problemas enfrentados pela previdência privada chilena.
Nota Giambiagi ser quase certo que a Selic daqui para a frente
suba para novos patamares, ainda assim distantes dos níveis a que se chegou no
passado.
"A geração à qual pertenço, que está completando a sexta
década de vida, se acostumou no Brasil a ver a geração anterior que tinha algum
arranjo previdenciário complementar ao do INSS preservar,
grosso modo, o seu padrão de renda na aposentadoria, sem ter feito
contribuições maciças na sua vida ativa.
Com as taxas de juros menores que
esperemos que vigorem no Brasil nos próximos 30 anos, isso não mais será
possível: será preciso, todos os meses, aplicar uma proporção maior do salário
para custear a aposentadoria futura – ou esta será menor.
Isto não afetará a
grande maioria dos brasileiros, que não têm esquemas complementares de
aposentadoria, mas é fundamental que seja compreendido pelo sistema brasileiro
de aposentadoria complementar, tanto por quem tem um PGBL ou VGBL como por quem
é participante das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC).
O
Congresso e o INSS podem ser flexíveis e benevolentes. A matemática
financeira, não".
O ESTADO DE SÃO PAULO