Golpistas usam anúncios em redes
sociais para cobrar por falsos benefícios.
Posts
no Facebook e no Instagram imitam sites do governo e programas como o Desenrola.
Golpistas pagam por anúncios no Facebook e no
Instagram que promovem sites que se passam por páginas do
governo federal, onde vítimas são induzidas a pagar "tarifas"
supostamente para receber benefícios, revelou um levantamento da Reuters.
Em
vários casos, os fraudadores usam robôs que atendem clientes, os chatbots, para
simular um atendimento personalizado, o que contribui para enganar as vítimas,
de acordo com especialistas em segurança na internet.
Em
novembro e dezembro, a Reuters identificou a estratégia em golpes que
aproveitam iniciativas verdadeiras, como o programa para renegociação de dívidas Desenrola e
o sistema Valores a Receber, para resgate de dinheiro parado em contas
bancárias.
Também há fraudes que inventam programas sociais, como uma
distribuição de aparelhos de ar-condicionado e entrega de ceias de Natal, ou
supostos leilões de mercadorias por órgãos do governo, como os Correios.
Os
anúncios costumam utilizar vídeos de artistas e jornalistas associados a áudios
gerados digitalmente — montagens em que pessoas conhecidas parecem divulgar os
falsos benefícios.
As páginas anunciantes usam nomes semelhantes aos de
veículos de imprensa ou fotos de bancos de imagens.
Os
posts promovidos encaminham as vítimas a sites nos quais ocorre o falso
atendimento em nome do governo federal.
Alguns deles simulam uma conversa no
WhatsApp, mas estão fora do aplicativo.
Os links fraudulentos não possuem a
terminação "gov.br" utilizada pelo governo —que já desmentiu, em seu site
oficial, oferecer os benefícios prometidos pelos golpistas.
Segundo
Guilherme Alves, gerente de projetos da SaferNet Brasil, a menção a políticas
públicas é uma estratégia para explorar vítimas em situação de vulnerabilidade,
e o uso de chatbots traz uma falsa legitimidade à interação com os usuários, já
que serviços governamentais e empresas privadas recorrem a conversas automatizadas.
De
acordo com Alves, golpistas "são muito hábeis em fazer leituras de
tendências ou comportamentos para identificar formas de se comunicar e enganar
as pessoas", e é esperado que esse tipo de ferramenta fique mais acessível
e eficaz.
REUTERS