Durante
perto de 1h30 o Presidente Luis Ricardo Marcondes Martins expôs a intensa
agenda da Abrapp aos mais de 50 dirigentes associados ao Grupo de
Profissionais de Fundos de Pensão (GPFP), todos ligados a entidades
patrocinadas por empresas privadas, em sua maioria multinacionais. Foi na
última quinta-feira (17) e, a julgar pela amplitude da exposição e do diálogo
que se estabeleceu a partir dela, o resultado não poderia ter sido melhor.
“Tivemos uma forte demonstração do esforço que a Abrapp está desenvolvendo
junto ao governo e à sociedade e ficamos muito satisfeitos em ver o muito que
vem sendo feito”, resumiu Fábio Moreno Saraiva, Gestor Especialista da PrevDow
e Coordenador do GPFP. Já um ex-Coordenador do GPFP e hoje Diretor da Abrapp,
Lucas Ferraz Nóbrega (PreviBayer), disse na mesma linha que “os
profissionais ali reunidos passaram a ter uma melhor ideia do muito que está
sendo feito e algo que traduz o ativismo da Abrapp”.
Fábio
notou que era mesmo desejo do grupo saber mais acerca desse trabalho de
valorização e fomento da previdência complementar fechada e, diante dos
resultados alcançados, a Abrapp deverá estar mais uma vez presente à reunião
que o GPFP tem agendada para novembro próximo.
Autorregulação
e muito mais - Em novembro, adiantou o Vice-presidente da Abrapp, Luiz Paulo
Brasizza (VWPP), igualmente presente ao evento, o assunto que a Associação trará
ao conhecimento do grupo será um outro tema no qual estamos avançando, a
autorregulação.
A
autorregulação, por sinal, foi um dos muitos temas tratados por Luis Ricardo em
uma exposição que deu a exata ideia da intensa agenda que a Abrapp vem desenvolvendo
e cujas marcas principais são as muitas reuniões, a sustentação tecnicamente
fundamentada das políticas que defendemos junto ao governo, uma assessoria
parlamentar sempre presente e capaz de inspirar projetos de lei, as muito
repetidas conversas com as principais lideranças da sociedade e do mercado, as
frequentes consultas às associadas para o seu maior envolvimento em tudo que é
fundamental e, acima de tudo, a argumentação cuidadosamente técnica como algo
primordial.
A
autorregulação começou em nosso sistema pelo Código de Autorregulação em
Governança de Investimentos, ao qual já aderiram 22 entidades. Conforme
Luis Ricardo deixou claro em sua apresentação aos dirigentes do GPFP, estamos
avançando e, com isso, nos igualando aos setores que já deram esse passo
na direção de se autorregularem e, em boa parte por isso mesmo, se alinham
entre os mais admirados do País.
Mudança
radical - Luís Ricardo falou da necessidade que o sistema tem de se
reinventar, oferecendo soluções diferentes para um novo público - especialmente
os jovens - cujas demandas, fruto das mudanças culturais e das transformações
na economia e no mercado de trabalho, são fortemente diversas daquelas dentro
das quais o desenho atual da previdência complementar fechada se formou. Se essa
reinvenção não vier, advertiu, novas patrocinadoras dificilmente surgirão,
instituidores virão se somar em menor número e abaixo de seu potencial e os
trabalhadores - como os PJs - encontrarão maior dificuldade em valorizar a
previdência complementar fechada como uma opção necessária e esta se verá
condenada a, ao não conseguir retomar o crescimento, ver as suas reservas
exauridas até por volta do ano 2034.
Para que
o crescimento seja retomado, Luis Ricardo pontuou, normas e supervisão devem
estar a serviço da simplificação e desburocratição, para que assim se alcance
através delas mais facilmente a desoneração.
Há outros
tantos caminhos a serem trilhados, conforme a Abrapp vem mostrando, como um
CNPC com uma postura verdadeiramente proativa, a adoção do mecanismo da adesão
automática, o PGA por entidade - para que elas ganhem condições de investir em
seu próprio negócio - o CNPJ por plano - maior proteção jurídica -
maiores estímulos tributários para empresas e pessoas físicas hoje não
incentivadas, fundos setoriais, extensão do status de participante aos
dependentes até o 3º grau, regras adequadas para que ocorra a transferência da
gestão de planos e o Prev-Saúde, com as entidades neste último caso ajudando os
seus participantes a fazer frente aos crescentes gastos com os planos de saúde
na aposentadoria.
Usina de
ideias - Existem outras sugestões mais, com a Abrapp se colocando como
uma usina de ideias a favor do fomento. Há também caminhos já testados e
aprovados, bastando apenas aprimoramentos aqui e ali para confirmarem todo o
seu potencial. É o caso dos planos para servidores públicos e dos instituídos.
Com mais de R$ 8,8 bilhões em ativos (dados até maio de 2017) e adesões de mais
de 250 mil pessoas , esses últimos podem atingir 6, 6 milhões de pessoas
e são uma das principais apostas para o crescimento do sistema de
previdência complementar fechada. Até março, havia 495 instituidores e o número
de entidades que administram predominantemente planos nesse segmento passou de
cinco, em 2005, para 25 em 2017. Esses números sintetizam o vigor de uma
estratégia que deu certo e tende a atingir um número cada vez maior de pessoas
em todo o Brasil, principalmente na direção dos planos instituídos setoriais.
Há também
uma rotina de cuidados a serem tomados, relatou Luís Ricardo. Agora mesmo a
Abrapp se apressa em alterar o entendimento da Receita a respeito de 3 pontos.
A razão da pressa é porque os atos da SRF têm efeito imediato, sendo por isso
necessário agir logo. É que fomos surpreendidos nos meses de junho e julho com
a publicação de três soluções de consulta (Cosit) que, em resumo, ameaçam
a isenção parcial de Imposto de Renda para participantes acima de 65 anos, a
capacidade de mudança de regime tributário em caso de reingresso ao plano de
benefícios e a dedução do IR sobre contribuições extraordinárias.
Vitalidade - Por
outro lado, não falta vitalidade ao sistema, que de fato entrega o que
prometeu, ao pagar anualmente e dentro do esperado mais de R$ 42 bilhões em
benefícios previdenciários a mais de 700 mil participantes assistidos. Ao mesmo
tempo, ao administrar mais de R$ 800 bilhões em ativos, coloca essa
verdadeira poupança previdenciária a serviço de uma economia e de uma
infraestrutura ainda tão carentes de investimentos.
“Faltava
esse diálogo com o GPFP e, agora, as portas estão abertas. Impressionou a todos
os presentes o extenso trabalho da Abrapp em favor de mostrar para o público
externo toda a importância tanto social quanto econômica da previdência
complementar fechada”, observou o Vice-presidente Luiz Paulo, chamando a
atenção para a criação na Abrapp do Grupo de Trabalho da Desburocratização,
pelo qual responde. O GT, explicou, já levantou os pontos a serem trabalhados
e, agora, prepara o embasamento legal das alterações a serem propostas.
A melhor
reação - A reação do grupo também foi a melhor possível. “Senti uma
grande sintonia entre o trabalho desenvolvido pela Abrapp e pelo GPFP”,
sintetizou Fábio, que se disse particularmente sensibilizado por teses
envolvendo a tributação, diálogo com a Receita Federal em geral, inscrição
automática, PGA por entidade e CNPJ por plano.
Lucas, por sua vez, ressaltou a importância de a Abrapp ter
reforçado ainda mais o diálogo com um segmento tão vital à previdência
complementar fechada e cujo perfil, como ex-coordenador do GPFP, conhece
bem. Um grupo, segundo explicou, formado por profissionais de entidades regidas
pela Lei Complementar 109, patrocinadas por empresas não financeiras e que
administram cada uma um patrimônio na faixa entre R$ 500 milhões e R$ 1,5
bilhão, o que as situa predominantemente entre as EFPCs de médio e pequeno
porte.
Diário da Previdência Complementar Fechada