Entidades acionam STF para suspender guia
antiaborto do Ministério da Saúde.
Especialistas
em saúde condenam trecho que limita período para interrupção da gravidez, o que
não existe na lei, e apontam barreiras ao direito.
Quatro entidades de saúde e de bioética
protocolaram ação no STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido de liminar para
derrubar um manual do Ministério da Saúde que contraria o Código
Penal de 1940, distorce dados técnicos e cria entraves para a
realização do aborto legal em situações previstas em lei.
Entre outras coisas, o guia do governo federal
afirma que todo aborto é crime e que, portanto, não há interrupção de gravidez
legal no Brasil.
Também coloca como limite para o procedimento a idade
gestacional de 22 semanas, o que não tem amparo legal.
A ação, uma ADPF (Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental), é assinada pela SBB (Sociedade Brasileira de Bioética),
a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva, o Cebes (Centro Brasileiro
de Estudos de Saúde) e a Rede Unida.
Na semana passada, uma articulação de 78 entidades, grupos de
estudos e clínicas jurídicas de universidades brasileiras enviaram ao
Ministério da Saúde uma manifestação pedindo a revogação do guia.
Tanto o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, quanto
o secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde,
Raphael Câmara, já se manifestaram defendendo o guia do governo
federal.
Segundo o advogado do caso, Henderson Furst,
presidente da comissão de bioética da OAB-SP, o objetivo primeiro da ação é
suspender de imediato a nota técnica do Ministério da Saúde que, entre outras
coisas, define como critério para a realização do aborto legal o limite
temporal de 22 semanas de gestação.
FOLHA DE SÃO PAULO