Uso de palavra negativa em título aumenta em 2,3% a taxa de
clique em notícias.
Efeito
também é modesto quando analisada a utilização de termo considerado positivo.
O uso de palavras
com teor negativo nos títulos de notícias publicadas online aumenta a
probabilidade de que as pessoas cliquem para ler o texto inteiro, enquanto
palavras com tom positivo têm efeito contrário, diminuindo o interesse dos
leitores.
A conclusão, que
vem de um estudo feito por
pesquisadores americanos e europeus, dá mais peso à hipótese de que a
negatividade acaba impulsionando a audiência na internet.
Detalhes da
análise foram publicados no último dia 16 no periódico especializado Nature
Human Behaviour.
O trabalho teve como principais autores Jay Van Bavel, do
Departamento de Psicologia da Universidade de Nova York (Estados Unidos), e Stefan Feuerriegel, da
Escola de Administração da Universidade Ludwig Maximilian de Munique (Alemanha).
O efeito
identificado por Bavel, Feuerriegel e seus colegas é relativamente modesto:
eles estimam que cada uma das palavras com significado negativo aumente em 2,3%
a taxa de cliques num título de notícia —ou seja, a chance de que, após ver
apenas o título, o internauta clique nele para ler o texto. Já cada uma das
palavras com tom positivo faz diminuir em 1% a taxa de cliques.
Os pontos fortes e
fracos da pesquisa estão ligados ao banco de dados que os estudiosos
utilizaram.
Trata-se de um conjunto de 105 mil variantes de títulos de notícias
publicados pelo site Upworthy.com, considerado um pioneiro do
"clickbait" –em inglês, algo como "isca de clique".
Ou
seja, são títulos pensados para atrair ao máximo a curiosidade do leitor para
que clique nelas, e não necessariamente tão voltados ao conteúdo jornalístico.
Tentando
classificar as emoções transmitidas pelas palavras de forma mais específica, a
equipe observou ainda que palavras associadas à ideia de tristeza tendem a
aumentar ligeiramente a taxa de cliques, enquanto às ligadas a alegria ou medo
diminuem ligeiramente essa frequência.
Já as que estão associadas à raiva não
parecem ter efeito significativo.
Os pesquisadores
comentam ainda que o padrão parece ser diferente do que se vê em
compartilhamentos de notícias, situação na qual fatores como medo e raiva
parecem ser mais importantes.
Uma possibilidade é que, ao compartilhar algo, a
pessoa tende a reforçar seu sentimento de pertença a um grupo ou sua
necessidade de marcar posição online, o que não é necessário nas leituras que
ela faz de forma privada na internet.
FOLHA DE SÃO PAULO